Sempre viva
Lá, no esconderijo
vivia uma certa menina
meiga
doce
Sempre-viva-Coralina
Na casa velha da ponte
igual à cabocla velha
à margem do Rio Vermelho
a menina de trança
meiga e mansa
igual à Nega Fulô
carente de alforria
Meiga, mansa
Cora Coralina
carregou dentro de si
amarga e doce poesia
tecida no esconderijo
de todas as vidas
nos becos
Sempre-viva
Graça Graúna. Canto mestizo. Maricá/RJ: Editora Blocos, 1999.