Páginas

25 setembro 2019

Cora Coralina: sempre viva



Sempre viva



Lá, no esconderijo
vivia uma certa menina
meiga
doce
Sempre-viva-Coralina

Na casa velha da ponte
igual à cabocla velha
à margem do Rio Vermelho
a menina de trança
meiga e mansa
igual à Nega Fulô
carente de alforria

Meiga, mansa
Cora Coralina
carregou dentro de si
amarga e doce poesia
tecida no esconderijo
de todas as vidas
nos becos
Sempre-viva


Graça Graúna. Canto mestizo. Maricá/RJ: Editora Blocos, 1999.

02 setembro 2019

Programa Voz Indígena: "incêndio", "manifesto"...



Imagem: Elaine Tavares, https://iberoamericasocial.com

       O programa de rádio "Voz indígena", da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) -  localizada no interior de São Paulo - é um dos poucos em nosso país que acolhe a literatura indígena em prosa e verso, entre outras manifestações artísticas dos diferentes povos indígenas do mundo. 
   No programa que foi transmitido no dia 1 de setembro de 2019, os apresentadores João Paulo Ribeiro e Ariabo Kezo presentearam os ouvintes com o discurso proferido pelo filósofo Ailton Krenak, em setembro de 1987, na Assembleia Nacional Constituinte. Nunca é demais refletir sobre esse momento tão relevante da História Indígena, quando um jovem líder do povo Krenak, em sinal de protesto diante do risco de não ser aprovada a emenda constitucional sobre os direitos indígenas, pintou o rosto com a tinta preta de jenipapo; enquanto clamava na Câmara dos Deputados, pelos direitos dos povos indígenas da floresta e da cidade.
      Os apresentadores do programa destacaram os nomes de Álvaro Tukano, Daniel Kabixi, Darlene Taukane, Davi Kopenawa, Eliane Potiguara, Estevão Taukane, Marcos Terena, Mario Juruna, Marçal Tupã-y, Raoni Kayapó e Xicão Xukuru, entre outras lideranças que participaram da luta, em defesa da Constituição de 1988.
       Confesso que me tocou profundamente outro momento do referido programa, quando os parentes João Paulo e Ariabo Keso teceram comentários acerca do poema Manifesto;  um poema com a base de rap e por meio do qual  denuncio os horrores sofridos pela nossa Mãe Terra. Na sequência, os apresentadores também fizeram apreciações a respeito do poema "Resolvi ser branca", da Professora Fernanda Vieira.
        Em tempo, compartilho o Voz indígena #83, que fala do "incêndio" na Amazônia e de como buscar um bem viver com a mensagem em defesa da nossa casa: o planeta terra.