Índio votando. Imagem extrída do Google.
De Norte a Sul do Brasil, os povos indígenas marcaram presença nas
eleições de 2012. Para quem desconhece a realidade indígena no Brasil talvez
considere muito pequeno o número de
candidatos indígenas eleitos. Ao todo são trinta e cinco entre prefeitos e
vereadores; desse número, quatro são mulheres indígenas das seguintes etnias: Payaya (Bahia),
Terena (Mato Grosso do Sul), Pankará (Pernambuco) e Ingarikó (Roraima);
eleitas vereadoras.
Pernambuco é o Estado que registra o maior numero de candidato: oito.
Na sequência vem a Bahia com sete candidatos e seis em Mato Grosso do Sul.
Dos trinta e cinco candidatos, três indígenas ocuparão o cargo de
prefeito nas cidades: São João das Missões (Minas Gerais), Uiramotã (Roraima) e
Entre Rios (Santa Catarina).
O maior número de votos foi para os seguintes candidatos:
1)
Marcelo
Pereira, do povo Xacriabá (Minas Gerais), obteve 3.500 votos ao cargo de
Prefeito.
2)
Eliésio
Cavalcanti, do povo Macuxi (Roraina), obteve 2.164 votos ao cargo de Prefeito.
3)
Sil
Xucuru, do povo Xucuru (Pernambuco), obteve
1.844 votos ao cargo de Vereador
4)
Aguilera,
do povo Terena (Dourados/Mato Grosso do Sul), obteve 1.419 votos ao cargo de Vereador.
5)
João
Roque, do povo Kaingang (Santa Catarina), obteve 1.249 votos ao cargo de
Prefeito.
Do espírito da floresta
Juruna. Imagem extraída do Google.
Há
trinta anos, mais precisamente em 1982, quando foi eleito deputado
federal com 31.904 votos, o xavante
Mario Juruna foi além do cocar na luta
em defesa dos direitos indígenas . Na época, candidato pelo PDT do Rio de
Janeiro, Juruna marcou também a sua atuação na política ao andar
em Brasília com um gravador para registrar "promessas de políticos
mentirosos" feitas às reivindicações indígenas. No Brasil, Juruna foi o
primeiro indígena a ocupar o cargo de
deputado federal.
Para
encerrar esta reflexão, faço uso das boas palavras do jornalista Ulisses Capozzoli
(In: “Observatório da imprensa”);
ele comenta que o ex-deputado xavante reuniu em si tanto a determinação combativa quanto a simpatia fraterna do povo juruna:
Ao
denunciar a falta de compromisso com a palavra e recusar ofertas de surborno
por compensação pelos atos de subordinação, Mário Juruna insurgiu contra 500
anos de história de desmandos sem, ao final de seu combate, ter ao menos o
reconhecimento de que foi um bravo. As histórias que acompanham lendários
chefes indígenas da América do Norte (como Corvo Pequeno, dos arapahos; Nuvem
Vermelha, dos oglala dakota; Cauda Pintada, dos siox-brulé; Nariz Romano, dos cheyenne
do Sul; Cochise, dos chiricahua; Pássaro Saltador, dos kiowa; Dez Ursos, dos
comanche; grande Touro Sentado, dos siox), que pegaram em armas para defender
seus povos, podem não estender-se a um líder como Juruna, embora sua arma tenha
sido pacífica: um gravador de sons. (CAPOZZOLI).
Nordeste
do Brasil, 9 de outubro de 2012
Graça
Graúna