as nuvens escuras
parecem um negro véu.
Foi o fim da alegria
Foram tempos de negruras.
Afronta a terra e ao céu.
Em 74, outra vez um céu nublado.
Latino América em prantos
nossos sonhos exilados.
Houve prisão e tortura,
Em tudo houve censura.
Houve mortos e mutilados
84: sinais que a gente pressente
No clamor dos excluídos:
Diretas, já! Diretas, já!
Não cedeu o bem da gente
Com entes e bens perdidos.
O que nos resta é caminhar.
Tempo de espera, atenção e memória
Tempo de espera, atenção e memória
De liberdade pra reconstruir os sonhos
Na luta pelos direitos humanos.
Sem reparação, só inglória,
Só enganos tamanhos e ardilosos.
Memória dos tempos desumanos
No caleidoscópio da história
A poesia continua se perguntando:
Em quanto tempo passam 40 anos?
Não podem apagar essa História.
Senão estarão renovando.
Os mesmos crimes e enganos
É a História indo em frente.
É a História indo em frente.
No caminhar vai toda gente.
Mas só poucos vão ganhar.
Pelos poucos que é definida.
Sua partilha é resumida.
Não se libertou do enganar.
Graça Graúna & Azuir Filho, Brasil, abril/maio de 2009
Nota: escrevi um recadinho para Azuir (meu amigo no Overmundo), convidando-o a compartilhar as mal-traçadas linhas de um poema que eu vinha burilando há alguns anos e que intitulei de Caleidoscópio da História. Sem pestanejar, ele topou e foi logo derramando a sua luz e o poema foi se formando em meio ao nosso sonho de um mundo melhor. Valeu, Azuir! Que os personagens do grande Henfil nos acolha. Agradecida por tudo e para sempre, Graça Graúna
Graça Graúna & Azuir Filho, Brasil, abril/maio de 2009
Nota: escrevi um recadinho para Azuir (meu amigo no Overmundo), convidando-o a compartilhar as mal-traçadas linhas de um poema que eu vinha burilando há alguns anos e que intitulei de Caleidoscópio da História. Sem pestanejar, ele topou e foi logo derramando a sua luz e o poema foi se formando em meio ao nosso sonho de um mundo melhor. Valeu, Azuir! Que os personagens do grande Henfil nos acolha. Agradecida por tudo e para sempre, Graça Graúna
8 comentários:
oh, grauninha,
que maravilha este sol e esta homenagem ao enorme henfil!...
te desejo muito brilho neste dia
(e ele, o brilho, permaneça para nós).
bjs
Samuca do meu coração: este sol brilhando é você sempre por perto, meu irmão. Paz em Ñanderu, Grauninha
Belo e dolorido poema, Graça. Como a História dói! Como a beleza dói! Nascemos doendo - e essa história não acaba mais. Mas no meio da dor, quanta maravilha!
Parabéns pelo poema.
Beijos.
Mestre Carlos Brandão: sua presença é sinal de que a poesia terá sempre lugar no coração do homem se ele respeitar a história e a memória.Grata pelo carinho, bjos pra você também.
Que saudade do Henfil...
Por certo ele assinaria esses versos.
Nosso caminhar continua...
A esperança ainda nos acompanha?
Grande abraço!
Graça,
Maravilha!
O tempo passando e a história
e acontecimentos desfilando em nossa mente que não esquece.
Mas que esse negro véu, nunca mais se repita.
bjs
Doroni
Doroni: é uma grata surpresa encontrá-la aqui, no meu humilde blog. Seja sempre bem-vinda. Bjos.
Adoro caleidoscópios, fragmentos e pequenas formas em movimento tentando montar uma nova imagem.
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