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14 maio 2009

Caleidoscópio da história



Em 64, a poesia me dizia:
as nuvens escuras
parecem um negro véu.
Foi o fim da alegria
Foram tempos de negruras.
Afronta a terra e ao céu.

Em 74, outra vez um céu nublado.
Latino América em prantos
nossos sonhos exilados.
Houve prisão e tortura,
Em tudo houve censura.
Houve mortos e mutilados

84: sinais que a gente pressente
No clamor dos excluídos:
Diretas, já! Diretas, já!
Não cedeu o bem da gente
Com entes e bens perdidos.
O que nos resta é caminhar.

Tempo de espera, atenção e memória
De liberdade pra reconstruir os sonhos
Na luta pelos direitos humanos.
Sem reparação, só inglória,
Só enganos tamanhos e ardilosos.
Memória dos tempos desumanos

No caleidoscópio da história
A poesia continua se perguntando:
Em quanto tempo passam 40 anos?
Não podem apagar essa História.
Senão estarão renovando.
Os mesmos crimes e enganos

É a História indo em frente.
No caminhar vai toda gente.
Mas só poucos vão ganhar.
Pelos poucos que é definida.
Sua partilha é resumida.
Não se libertou do enganar.


Graça Graúna & Azuir Filho, Brasil, abril/maio de 2009


Nota: escrevi um recadinho para Azuir (meu amigo no Overmundo), convidando-o a compartilhar as mal-traçadas linhas de um poema que eu vinha burilando há alguns anos e que intitulei de Caleidoscópio da História. Sem pestanejar, ele topou e foi logo derramando a sua luz e o poema foi se formando em meio ao nosso sonho de um mundo melhor. Valeu, Azuir! Que os personagens do grande Henfil nos acolha. Agradecida por tudo e para sempre, Graça Graúna

8 comentários:

  1. oh, grauninha,
    que maravilha este sol e esta homenagem ao enorme henfil!...

    te desejo muito brilho neste dia
    (e ele, o brilho, permaneça para nós).
    bjs

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  2. Samuca do meu coração: este sol brilhando é você sempre por perto, meu irmão. Paz em Ñanderu, Grauninha

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  3. Belo e dolorido poema, Graça. Como a História dói! Como a beleza dói! Nascemos doendo - e essa história não acaba mais. Mas no meio da dor, quanta maravilha!
    Parabéns pelo poema.
    Beijos.

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  4. Mestre Carlos Brandão: sua presença é sinal de que a poesia terá sempre lugar no coração do homem se ele respeitar a história e a memória.Grata pelo carinho, bjos pra você também.

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  5. Que saudade do Henfil...
    Por certo ele assinaria esses versos.
    Nosso caminhar continua...
    A esperança ainda nos acompanha?
    Grande abraço!

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  6. Graça,

    Maravilha!
    O tempo passando e a história
    e acontecimentos desfilando em nossa mente que não esquece.
    Mas que esse negro véu, nunca mais se repita.
    bjs
    Doroni

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  7. Doroni: é uma grata surpresa encontrá-la aqui, no meu humilde blog. Seja sempre bem-vinda. Bjos.

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  8. Adoro caleidoscópios, fragmentos e pequenas formas em movimento tentando montar uma nova imagem.

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