Na superfície de uma caixa de madeira, a pintura revela seus mistérios em forma de círculos paralelos que se cruzam e ampliam o horizonte de possíveis caminhos ancestrais.
Coincidentemente, a artesã é uma mulher carinhosamente chamada de Baixinha, tem cabelos pretos estirados e curtos, parece uma índia. Edilene Abreu, fez a caixa e nela imprimiu uma possível aldeia à luz do seu imaginário que é, em parte, sua leitura de mundo, do cerrado.
A ordenação dos círculos, o tracejado cor de terra que entra em harmonia com a brancura e com o tom laranja predominante se misturam a pequenos quadrados dentro de círculos menores, até alcançar o centro do desenho que sugere uma possível aldeia.
O desenho traz oito círculos inteiros e marrons que parecem tocar o infinito no movimento de luz e sombra que se articulam até o centro do grafismo, de tal forma que lembra o dualismo do habitat e do imaginário dos Yanomami.
Com efeito, essa descrição é nada mais que a minha leitura em torno de um presente que recebi, isto é, uma caixa de madeira, compartimentada; feita exclusivamente para guardar meus colares indígenas e porções de sementes do cerrado.
Em homenagem à mandala que ilustra o porta-jóia e à arte de contar histórias (verdadeiras sementes do universo indígena), assim torno a ver nos versos que teci para Canción peregrina, (In: Talento feminino em prosa e verso, São Paulo, Rebra, 2004:65-68) as contas do meu colar e um punhado de histórias de diferentes etnias:
Yo tengo um collar
de muchas historias
y diferentes etnias.
Se no lo reconocen,
paciência.
Por lo derecho de ser igual
nosotros habemos de continuar
gritando la angustia acumulada
hace 500 años.
Yo tengo um collar
de muchas historias
y diferentes etnias.
(*) Graça Graúna, 18.set.2007. Esta crônica é parte do meu livro Lugar e memória, no prelo.
Coincidentemente, a artesã é uma mulher carinhosamente chamada de Baixinha, tem cabelos pretos estirados e curtos, parece uma índia. Edilene Abreu, fez a caixa e nela imprimiu uma possível aldeia à luz do seu imaginário que é, em parte, sua leitura de mundo, do cerrado.
A ordenação dos círculos, o tracejado cor de terra que entra em harmonia com a brancura e com o tom laranja predominante se misturam a pequenos quadrados dentro de círculos menores, até alcançar o centro do desenho que sugere uma possível aldeia.
O desenho traz oito círculos inteiros e marrons que parecem tocar o infinito no movimento de luz e sombra que se articulam até o centro do grafismo, de tal forma que lembra o dualismo do habitat e do imaginário dos Yanomami.
Com efeito, essa descrição é nada mais que a minha leitura em torno de um presente que recebi, isto é, uma caixa de madeira, compartimentada; feita exclusivamente para guardar meus colares indígenas e porções de sementes do cerrado.
Em homenagem à mandala que ilustra o porta-jóia e à arte de contar histórias (verdadeiras sementes do universo indígena), assim torno a ver nos versos que teci para Canción peregrina, (In: Talento feminino em prosa e verso, São Paulo, Rebra, 2004:65-68) as contas do meu colar e um punhado de histórias de diferentes etnias:
Yo tengo um collar
de muchas historias
y diferentes etnias.
Se no lo reconocen,
paciência.
Por lo derecho de ser igual
nosotros habemos de continuar
gritando la angustia acumulada
hace 500 años.
Yo tengo um collar
de muchas historias
y diferentes etnias.
(*) Graça Graúna, 18.set.2007. Esta crônica é parte do meu livro Lugar e memória, no prelo.
Um comentário:
Delicioso o seu blog, Graça. Tem gosto de açaí com tapioca e cajuina. rs. Vou voltar com calma. Agora estou correndo para dar conta da apresentação de dois vídeos em São Paulo, no lançamento da Antologia Delicatta, depois de amanhã. Do que li já gostei muito. Abraços. Marco.
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