Escrevi este poema em 2001, pensando nas guerras urbanas e na violência contra os indígenas; lastimo as guerras entre nações e “os mortos de Palestina [que] são também nossos mortos” como sugere o poeta-irmão del mundo Mario Ramón Mendonza. Assim ofereço “Geografia do poema” pela paz de Gaza e do mundo. Paz em Nhande Rú (Nosso Pai, em guarani), Graça Graúna.
GEOGRAFIA DO POEMA
I
O dia deu em chuvoso
na geografia do poema.
Um corpo virou cinzas
um sonho foi desfeito
e mil povos proclamaram:
- Não à violência!
A terra está sentida
de tanto sofrimento.
II
Na geografia do poema voam balas
passam na TV os seres nus
o pátio aglomerado
o chão vermelho
onde a regra do jogo
da velha é sentença
marcada na réstia
do sol quadrado.
III
Pelas ruas
a tristeza dos tempos
a impossibilidade do abraço.
Crianças
nos corredores da morte
nos becos da fome
consomem a miséria
matéria prima da sua sobrevivência.
IV
Nos quarteirões
dobrando a esquina
homens e mulheres
idôneos, cansados
a lastimar o destino
de esmolar o direito
dos tempos madrugados.
V
Se o medo se espalha
virá o silêncio
o espectro das horas
e as cores sombrias.
Se o medo se espalha
amargo será sempre o poema
VI
O dia deu em chuvoso
na geografia do poema
um sonho foi desfeito
mil povos pratearam.
A terra está sentida de tanto sofrimento.
Mas...
VII
Haverá manhã
e o sol cobrirá
com os seus raios de luz
a rosa dos ventos
Graça Graúna. Tessituras da Terra. Belo Horizonte. M.E. Edições Alternativas, 2001, p. 46-49.
GEOGRAFIA DO POEMA
I
O dia deu em chuvoso
na geografia do poema.
Um corpo virou cinzas
um sonho foi desfeito
e mil povos proclamaram:
- Não à violência!
A terra está sentida
de tanto sofrimento.
II
Na geografia do poema voam balas
passam na TV os seres nus
o pátio aglomerado
o chão vermelho
onde a regra do jogo
da velha é sentença
marcada na réstia
do sol quadrado.
III
Pelas ruas
a tristeza dos tempos
a impossibilidade do abraço.
Crianças
nos corredores da morte
nos becos da fome
consomem a miséria
matéria prima da sua sobrevivência.
IV
Nos quarteirões
dobrando a esquina
homens e mulheres
idôneos, cansados
a lastimar o destino
de esmolar o direito
dos tempos madrugados.
V
Se o medo se espalha
virá o silêncio
o espectro das horas
e as cores sombrias.
Se o medo se espalha
amargo será sempre o poema
VI
O dia deu em chuvoso
na geografia do poema
um sonho foi desfeito
mil povos pratearam.
A terra está sentida de tanto sofrimento.
Mas...
VII
Haverá manhã
e o sol cobrirá
com os seus raios de luz
a rosa dos ventos
Graça Graúna. Tessituras da Terra. Belo Horizonte. M.E. Edições Alternativas, 2001, p. 46-49.
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8 comentários:
Graça, a paz é o presente mais desejado atualmente! Beijos floridos da Ursa :))
Angela, agradecida estou pela visita. Vamos torcer pela paz. Bjos.
Tentando retomar o ritmo bloguístico, me tornarei frequentador mais amiúde daqui, Graça. Estava sentindo falta de você no Over, aqui mato a saudade.
Grande honra sua presença,aqui querido Marcos. Volte sempre. Paz em Nhande Ru, Grauninha.
Oii Graça,
Obrigada pela visita e pelas palavras carinhosas!
Li que vc é professora de literatura, então lhe indico o blog da Rose ( Eternessencias) que também é professora como vc e tb escreve muito bem.
Quanto ao prêmio, eu recebi de um blog amigo, aquelas indicações que vc pode fazer como recebe um prêmio.Então não sei para quem enviaria o link.
Mas acho que como recebi ainda posso passar o selo adiante,e hoje ao ler esse poema, sei que vc merece te-lo, então sinta-se presenteada, esse poema é um hino a paz e a liberdade !
abraços
Marilac
Querida Marilac, fico feliz que tenha gostado do poema. Agradeço, desde já, o selo para o meu blog. Gostei do presente. Bjos.
Ave Graúna cheia de graça! Bendita sois vós entre os versos. Bendito é o fruto da vossa verve: poesia!
Que o sangue inocente das crianças mortas em Gaza continue correndo pelas veias e vias de nossos poemas!
Ivan, poetamigo: fico muito honrada com a sua presença. Obrigada pelas belas palavras. Na luta por um mundo melhor, Grauninha.
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