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28 dezembro 2013

Às almas no esquecimento


Imagem extraída do Google

Meu poema de Natal
foi levado pelo vento
para fazer companhia
às almas no esquecimento
Pra longe foi meu poema
lavrado pelo sereno 
da noite para espantar
as barricadas da fome
nos quatro cantos do vento



Graça Graúna

Nordeste do Brasil, 28.dez.2013

25 dezembro 2013

Ciclo natalino em Recife - 2013









Árvores de Natal, flores e  pombas (simbolizando a paz) iluminam o ciclo natalino nas praças, ruas, nos parques e pontes de Recife, em 2013.

24 dezembro 2013

Um poema de Mario Benedetti


Imagem extraída do Google

        às vezes sou
manancial entre pedras
e outras vezes uma árvore
com as últimas folhas
mas hoje me sinto apenas
como lagoa insone
como um porto
já sem embarcações
uma lagoa verde
imóvel e paciente
conformada com suas algas
seus musgos e seus peixes
sereno em minha confiança
acreditando que em uma tarde
te aproximes e te olhes
te olhes ao olhar-me.


Mario Benedetti

15 dezembro 2013

Paz na Terra

Imagem extraída do Google.

No finalzinho de novembro em 2009, eu fiz este poema e o refiz em dezembro de 2013; acreditando na alma da palavra, nos saberes ancestrais que fortalecem as aldeias;  nos Anjos da Guarda e  nas estrelinhas do Natal  para transformar esses tempos tão difíceis em tempo de paz.
Escolhi a foto de Ammar Awad/Reuters para ilustrar o poema; a imagem é formada por crianças refugiadas palestinas,  numa enorme representação da "Pomba da Paz" (1949), do pintor Pablo Picasso.
Desejo a todos(as) um Feliz Natal na esperança de que a  alegria, a saúde, o amor e a prosperidade se multipliquem no Ano Novo!
Com abraçares,
Graça Graúna


Paz na terra

Não bastam os seus olhos
seus ouvidos
sua boca
seu coração
suas mãos
seus pés...

Se não for pedir muito
compartilhe o seu jeito
de ser e viver
pela não-violência
em nome da Paz


(Graça Graúna)

10 dezembro 2013

Dia Internacional dos Direitos Humanos


Poeta Thiago de Mello. 
Imagem extraída do Google.





    ESTATUTO DO HOMEM 

   (Ato Institucional Permanente) 

                                          A Carlos Heitor Cony

    Artigo I

   Fica decretado que agora vale a verdade.
   agora vale a vida,
   e de mãos dadas,
   marcharemos todos pela vida verdadeira.


   Artigo II

   Fica decretado que todos os dias da semana,
   inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
   têm direito a converter-se em manhãs de domingo.


   Artigo III

   Fica decretado que, a partir deste instante,
   haverá girassóis em todas as janelas,
   que os girassóis terão direito
   a abrir-se dentro da sombra;
   e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
   abertas para o verde onde cresce a esperança.


   Artigo IV

   Fica decretado que o homem
   não precisará nunca mais
   duvidar do homem.
   Que o homem confiará no homem
   como a palmeira confia no vento,
   como o vento confia no ar,
   como o ar confia no campo azul do céu.

           Parágrafo único:

           O homem, confiará no homem
           como um menino confia em outro menino.


   Artigo V

   Fica decretado que os homens
   estão livres do jugo da mentira.
   Nunca mais será preciso usar
   a couraça do silêncio
   nem a armadura de palavras.
   O homem se sentará à mesa
   com seu olhar limpo
   porque a verdade passará a ser servida
   antes da sobremesa.


   Artigo VI

   Fica estabelecida, durante dez séculos,
   a prática sonhada pelo profeta Isaías,
   e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
   e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.


   Artigo VII
   Por decreto irrevogável fica estabelecido
   o reinado permanente da justiça e da claridade,
   e a alegria será uma bandeira generosa
   para sempre desfraldada na alma do povo.


   Artigo VIII

   Fica decretado que a maior dor
   sempre foi e será sempre
   não poder dar-se amor a quem se ama
   e saber que é a água
   que dá à planta o milagre da flor.


   Artigo IX
   Fica permitido que o pão de cada dia
   tenha no homem o sinal de seu suor.
   Mas que sobretudo tenha
   sempre o quente sabor da ternura.


   Artigo X
   Fica permitido a qualquer pessoa,
   qualquer hora da vida,
   o uso do traje branco.


   Artigo XI

   Fica decretado, por definição,
   que o homem é um animal que ama
   e que por isso é belo,
   muito mais belo que a estrela da manhã.


   Artigo XII

   Decreta-se que nada será obrigado
   nem proibido,
   tudo será permitido,
   inclusive brincar com os rinocerontes
   e caminhar pelas tardes
   com uma imensa begônia na lapela.

           Parágrafo único:

           Só uma coisa fica proibida:
           amar sem amor.


   Artigo XIII

   Fica decretado que o dinheiro
   não poderá nunca mais comprar
   o sol das manhãs vindouras.
   Expulso do grande baú do medo,
   o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
   para defender o direito de cantar
   e a festa do dia que chegou.


   Artigo Final.

   Fica proibido o uso da palavra liberdade,
   a qual será suprimida dos dicionários
   e do pântano enganoso das bocas.
   A partir deste instante
   a liberdade será algo vivo e transparente
   como um fogo ou um rio,
   e a sua morada será sempre
   o coração do homem.

  Thiago de Mello
Santiago do Chile, abril de 1964

07 dezembro 2013

Mandela, para sempre!





Dores d’África (*)

Eh, meu pai!
Em vez de prantos
é melhor que cantemos.

Eh, meu pai!
É melhor que cantemos
a dor contínua
a solidária luta
de poetas-bantos
contra a tirania


Graça Graúna. Canto mestizo. Maricá/RJ: Blocos, 1999, p. 49.



(*)No início da década de 90 escrevi este poema, que foi publicado pela Editora Blocos em 1999; no mesmo ano em que Mandela terminou seu mandato de presidente da África do Sul. Em 5 de dezembro de 2013, o mundo ficou mais pobre; a paz está de luto, mas enquanto houver poesia haverá esperança de um mundo mais justo. Caminhemos na luta pelos Direitos Humanos, inspirados na trajetória de Mandela!

Nordeste do Brasil, 7. Dez. 2013.

Graça Graúna

15 novembro 2013

Poetas, uni-vos por um mundo melhor!


Recebi da poetamiga Leila Míccolis o convite para participar de mais uma antologia poética: “Poesia para mudar o mundo”; um  projeto de Leila que  reúne  56 poetas que acreditam na  força e na mágica da palavra. Que assim seja, pois enquanto houver poesia haverá esperança de um mundo mais justo. Convido a todos(as) para acessar o link:
Minha pequena colaboração para essa antologia encontra-se na p. 21.  Por favor: divulguem, compartilhem e enviem seus comentários.
Paz e bem,
Graça Graúna

13 outubro 2013

Hoje é dia de gente grande!!


Imagem extraída do Google.


Autoria: Iris Ferreira Cruz (Brasília/DF)

Quando tinha 2 anos ia caminhar todos os dias com minha vó... e o porteiro me dizia: “Bom dia, pequena!!” , logo... eu respondia: “Não sou pequena, sou grande igual a minha vó!!”.  Minha vozinha, hoje, é menor que eu... e sei lá minha atura, mas de 1,58 não passo!!   Quando comecei  a dar aula pra um bando de pimpolho vi a força com que esses pinguinhos de gente dizem ser tão grande!!  E num é que eles têm razão...  são maiores que muita gente por aí!! Não brincam de dissimular o mundo, porque brincam dizendo a verdade... não querem esconder nada, refletem desde uma  simples “conversa entre bonecas” até numa resposta a realidade em que vivem: “Não tenho nem irmão, nem irmã porque minha mãe precisa passar num concurso primeiro”!! É um povo que mostra o caráter, que não tem medo de aprender, mas é preciso tomar cuidado com o que ensina!! Eles tem a arte de contagiar sorriso e fazer tantas perguntas pra descobrir o mundo... mas ao mesmo tempo dizem saber de tudo!! Inventam histórias com a imaginação do tamanho de um elefante: “Não estou muito bem hoje, porque quando estava vindo pra escola um tubarão me mordeu!!”.  Dão cambalhota pra ver de um jeito diferente e mostram  o maior sorriso do mundo pra falar de quem admira: “Hoje é meu pai que vem me buscar, ele faz tanta bagunça...”!! Têm um pensamento tão limpo que acreditam que o pum de alguém que gostam pode ter cheiro de flor!! É um povo bonito e inteligente... que sabe quando é preciso parar a bagunça: “Pode mandar um bilhetinho pra minha mãe, dizendo que me comportei muito bem hoje?! ...... Oba!!agora vou poder jogar vídeo game de noite”!! É uma galera difícil de convencer, mas que com um combinado tudo se resolve... Deixam uma pessoa doidinha quando só aceitam ser chamados por nomes de príncipes, princesas, super heróis... mas deixam o coração sempre mole: ”Gosto tanto de você, você é minha professora mais doidinha”!! Imagina só ...  pensar o que fazer com um monte de gente pequena olhando pra você... esperando que os faça rir, mas nos final são eles que te fazem sorrir... você dança, ensina palavras novas, corre, pula e quando vê... eles estão fazendo tudo igualzinho a você... Olho pra minha bisa, olho pra minha vó... e vejo a força das crianças correndo pra abraçar o mundo!!


13 setembro 2013

Universidade forma 152 indígenas em Licenciatura Intercultural

IMAGEM: WWW.LIVROSEPESSOAS.COM


Em Pernambuco, participam estudantes de 11 etnias: Atikum, Fulni-Ô, Kambiwá, Kapinawá, Pankará, Pankararu, Pankaiuká, Pipipã, Truká, Tuxá e Xucuru

Publicado em 12/09/2013, às 15h51

Fonte: Jornal do Comércio
Do JC Online

O Centro Acadêmico do Agreste (CAA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realiza, neste sábado (14), às 17h, a solenidade de colação de grau da primeira turma da Licenciatura Intercultural Indígena. Os 152 concluintes são professores indígenas que lecionam em escolas indígenas do ensino fundamental e médio no interior de Pernambuco, mas não tinham formação superior. A cerimônia será realizada no Polo Comercial de Caruaru (BR 104, km 62, Caruaru–PE). 
O curso semipresencial, com duração de quatro anos e cerca de 40 disciplinas, faz parte do Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indígenas (Prolind) da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação (MEC). Em Pernambuco, participam estudantes de 11 etnias: Atikum, Fulni-Ô, Kambiwá, Kapinawá, Pankará, Pankararu, Pankaiuká, Pipipã, Truká, Tuxá e Xucuru. 
De acordo com o professor Nélio Vieira de Melo, coordenador da licenciatura e diretor do CAA, o trunfo do curso é, além de possibilitar a titulação dos docentes, despertar para a prática de um ensino intercultural. “É também uma contribuição para a própria universidade, pois provoca reflexão e estimula a pensar diferente”, disse. Segundo ele, o curso leva em conta não apenas as políticas nacionais definidas pelo MEC, mas também as particularidades de cada povo indígena. 
Ligado ao Núcleo de Formação Docente do CAA, o curso possui três áreas de estudo à escolha do aluno: Linguagem e Artes; Ciências da Terra e da Natureza; e Ciências Humanas e Sociais. Como é semipresencial, o curso conta com uma disciplina por mês, em formato intensivo, com 40 horas de aula durante uma semana (manhã e tarde) mais 20 horas de atividades desenvolvidas na aldeia. A parte prática é voltada para a comunidade da qual cada aluno faz parte. 
Os alunos vêm de suas aldeias para Caruaru, percorrendo distâncias que variam entre cerca de 80 quilômetros (município de Pesqueira, no Agreste, povo Xucuru) e quase 400 quilômetros (município de Salgueiro, no Sertão, povo Atikum). Unindo ensino, pesquisa e extensão, o curso também conta com alunos vinculados ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) e ao Programa de Educação Tutorial (PET), desenvolvendo pesquisas em suas localidades. 
É o caso da formanda Maria Aline da Silva Valério, da etnia Pankararu, que realizou uma pesquisa no PET sobre histórias orais. “A experiência do curso foi muito boa e possibilitou estabelecer contato com outros povos. Também nos permitiu passar conhecimento aos alunos com um novo olhar”, afirmou. Para ela, os novos pontos de vista fizeram com que ela percebesse que o que parece simples pode ser cientificamente complexo. “O curso me enriqueceu bastante”, resumiu. 
VESTIBULAR – Está em andamento a seleção para a segunda turma da licenciatura com 160 vagas. De acordo com o cronograma do vestibular, o período para impressão do Comunicado de Confirmação de Inscrição (CCI), de responsabilidade do candidato, pelo site da Covest, vai de quarta-feira (18) até sábado (21) da próxima semana. As provas acontecem no domingo da próxima semana (22) e o resultado está previsto para ser divulgado no dia 7 de outubro. 

05 setembro 2013

Dia Internacional da Mulher Indígena



          Servindi, 5 de setiembre, 2013.- El 5 de septiembre de cada año se celebra el Día Internacional de la Mujer Indígena, fecha escogida en homenaje a Bartolina Sisa, una valerosa mujer quechua que fue descuartizada por las fuerzas españolas durante la rebelión anticolonial de Túpaj Katari en el Alto Perú.
La fecha se instituyó en 1983 durante el Segundo Encuentro de Organizaciones y Movimientos de América realizado en Tiahuanacu, Bolivia.
          En esta oportunidad compartimos un artículo sobre la vida, obra y muerte de la notable lideresa publicado en el periódico Cambio de Bolivia:
          La vida, obra y muerte de la lideresa indígena Bartolina Sisa, como ejemplo de lucha por la emancipación del yugo español, junto a su esposo Túpac Katari, es narrada en un trabajo de la Confederación Nacional de Mujeres Campesinas Indígenas Originarias de Bolivia, que lleva el nombre de la mártir.
El historiador Nicanor Aranzáes, citado en el folleto La Historia de Bartolina Sisa, menciona que Sisa nació el 25 de agosto de 1750 en la provincia Loayza del departamento de La Paz.
          Fue hija de José Sisa y Josefa Vargas, originarios del Alto Perú, que vivían del comercio de la coca de los Yungas y de la tela o bayeta de la tierra, para liberarse del sometimiento al que estaban condenados todos los pueblos originarios de esas tierras.
          Ante esta realidad, la familia Sisa se trasladó a la Villa de Sica Sica. “Es ahí que junto a sus padres Bartolina adquirió la experiencia en el rubro del comercio, logrando independizarse a los 19 años”, menciona el folleto.
Durante sus viajes por muchas ciudades, pueblos, comunidades, minas, cocales, Bartolina Sisa Vargas conoció la realidad en la que vivían los pueblos andinos.
          Es así que observó el sometimiento, la explotación, las ofensas y el abuso que sufrían sus hermanos indígenas por parte de las autoridades, los blancos españoles.
Esta realidad —agrega la investigación— genera una “convicción de protesta contra todo el sistema colonialista de explotación de la entonces joven Bartolina Sisa.

Relación con Julián Apaza
          Julián Apaza (Túpac Katari), que luego se convertiría en el esposo de Bartolina Sisa, también fue parte del comercio de la coca, luego de estar dos años en el trabajo forzado en la mita en las minas de Oruro. En uno de sus tantos viajes y frecuentando los mismos lugares, se conoce con Bartolina Sisa.
          Bartolina fue descrita por algunos historiadores como una mujer aguerrida que dominaba el kurawa (onda) y el fusil. Sabía montar caballo, era joven y de piel morena, atractiva, esbelta y de ojos negros, y muy inteligente. Mientras que Julián Apaza era un hombre de buenas condiciones físicas y una inteligencia notable.
          En 1772, ya casados, tuvieron el primero de sus cuatro hijos (tres varones y una niña). Según el historiador Alipio Valencia Vega, el primer hijo fue capturado en Perú por el brigadier Sebastián Segurola, en 1783, y se cree que posteriormente fue asesinado. Los otros llegaron a sobrevivir y cambiaron de nombres y apellidos.

Virreina
          Bartolina Sisa, que además era hábil para las actividades de la campaña rebelde, desde el primer momento, ya que contaba con la total obediencia de los indígenas sublevados.
          Antes del cerco a La Paz, rumbo a al liberación de su pueblo, Sisa fue nombrada Virreina y Túpac Katari Virrey del Inca. Con ese título, Bartolina organizó campamentos militares durante la sublevación en El Alto, en Chacaltaya; en Killi Killi; en el Calvario; en el valle de Potopoto y en las alturas de Pampahasi.

La rebelión
          Al enterarse Julián Apaza de los levantamientos y de las posteriores ejecuciones de los hermanos Katari en Chayanta (Potosí), y de José Gabriel Tupac Amaru, en Tinta, decide tomar un nombre de guerra y se hace llamar Túpac Katari.
          En marzo de 1781 comienza el levantamiento en Ayo Ayo. La táctica de lucha era el cerco y reúne 40.000 hombres para sitiar la ciudad de La Paz. En julio, el número de insurgentes se duplicó.
          Los principales cercos estaban en El Alto y Pampahasi comandados por Túpac Katari y Bartolina Sisa, respectivamente.
          Los primeros asaltos causaron enfrentamientos entre el ejército español y el indígena. Los indígenas tenían superioridad numérica y españoles contaban con armas de fuego.
          El 17 de mayo, Sebastián Segurola, al enterarse de que en Pampahasi comandaba una mujer, envió un ejército para romper el cerco. Sin embargo, Sisa resiste y logra triunfar.
          Después de tres meses de cerco y sin provisiones, el ejército español comenzó a debilitarse por hambre, y la Real Audiencia de Charcas, al enterarse, envía 1.700 hombres para destruir el cerco.
          El 30 de junio, los ejércitos indios se replegaron sin oponer resistencia y los españoles empezaron a instigar a la traición y a ofrecerles el indulto si entregaban o delataban a los cabecillas
          El 2 de julio, Bartolina se traslada desde El Alto hasta Pampahasi a causa de ese rumor.
          Desciende por Tembladerani llega hasta Sopocachi y ahí algunos de sus acompañantes que habían hecho contacto con los españoles la traicionan. La toman presa y la entregan a cambio del indulto, que finalmente no les fue concedido.
          En la prisión fue torturada y humillada por el brigadier Sebastián Segurola para obtener información. Pese a las agresiones, Sisa no reveló ningún dato. Según Valencia Vega, Sisa, estando en prisión Túpac Katari, restablece el cerco.

Muerte de Bartolina Sisa


          Durante el segundo cerco, Túpac Katari intentó liberar a Bartolina a través de varios intentos, tanto bélicos como pacíficos. Ofreció intercambiar a Sisa con el cura Vicente Rojas e incluso con él mismo.
          El 17 de octubre llegó un ejercito de 7.000 hombres al mando del sanguinario José de Roseguín, desde Buenos Aires, para romper el cerco.
          La batalla fue encarnizada, pero la superioridad en armas hizo que Túpac Katari se repliegue hasta Peñas.
Posteriormente se movilizó hasta Chinchayo, donde fue apresado a las 02.00 de la madrugada del 10 de noviembre por la traición del primo de Bartolina, Tomás Inca Lipe, que era su más apreciado y cercano colaborador.
          El 14 de noviembre, Bartolina Sisa fue obligada a presenciar el descuartizamiento público de Túpac Katari en la plaza de Peñas. Después de casi un año de encierro, al amanecer del 5 de septiembre de 1782, el oidor Tadeo Diez de Medina pronunció la sentencia de muerte, condenándola a ser sacada a la plaza mayor atada a la cola de un caballo y arrastrada hasta morir cruelmente.

Fonte:


A riqueza cultural indígena da América Latina

Recentemente, traduzi para a Editora FTD três livros da Coleção Contos Indígenas da América Latina, adaptados por Judy Goldman. Trata-se de “O sapo e o deus da chuva”, uma narrativa do povo Yaqui ilustrado por Arno Avilés. “O coelho e a raposa”, ilustrado por Ricardo Peláez, é uma história do povo Kiliwa. “Baak” traz ilustrações de Fabrício Vanden Broeck; é um conto do povo Maia.


Em “O sapo e o deus da chuva”, do povo Yaqui, o cenário inicial  mostra o sol escaldante castigando a terra. Não há sinais de chuva. As pessoas da aldeia, incansavelmente, pediam ao deus da chuva para afastá-las de tanto sofrimento, mas o deus sequer  ouvia. Quando o chefe da aldeia anunciou que o povo teria que abandonar o lugar, um mensageiro se apresentou. Qual seria o seu plano?


“O coelho e a raposa” é uma das uma das muitas histórias do povo Kiliwa.  Os mais velhos contam que uma raposa muito faminta vivia em um lugar árido, com pedras, cactos e escorpiões. Não gostava de comer gafanhotos porque as pernas dos insetos geralmente ficavam enganchadas em seus dentes. Por sorte, farejou um coelho que não era grande nem gordo, mas era maior do que um rato. A raposa aproximou-se e atacou. Será que o mais forte sempre sai vencedor?


O conto “Baak”, do povo Maia, traz a história de um pequeno deus. Ele vivia com a mãe e os dois raramente tinham o suficiente para comer. Os irmãos que moravam nos arredores, sequer ajudavam; quando muito, atiravam-lhes sobras de comida. Baak queria aprender a caçar, mas os irmãos só zombavam e nunca o ensinavam. Um dia, ao ver a exuberante vegetação da floresta, Baak teve uma ideia que mudou a vida do seu povo.
Essas histórias fazem parte da riqueza cultural dos povos indígenas da América Latina: os Yaqui vivem no Estado de Sonora (México), numa região que faz fronteira com os Estados Unidos; sua população é de aproximadamente trinta e dois mil habitantes. Eles vivem da plantação de trigo e do algodão.  
Os Kiliwa são um povo ameaçado de extinção. Sua população é composta de aproximadamente cento e sete indígenas que sobrevivem da agricultura familiar, da caça e da pesca, no Estado da Baixa Califórnia (México).
O povo Maia é a segunda população mais numerosa do México, com aproximadamente um milhão e meio de indígenas. Apesar do grande índice de analfabetismo e desemprego, o povo Maia são grandes conhecedores das ervas medicinais; conhecem profundamente várias espécies de peixes e mantém as suas tradições.
Para saber mais da cultura e da história indígena na America Latina, vale conferir o seguinte endereço: www.cdi.gob.mx

Nordeste do Brasil, 5 de setembro de 2013

Graça Graúna (tradutora)

03 setembro 2013

Guarani, Kaiowá e muitas mais - literatura de índio



 XVI BIENAL DO LIVRO RIO
Dia 3.set.2013, Café Literário

Tema:
Guarani, Kaiowá e muitas mais – literatura de índio.

Palestrante:
Graça Graúna
(povo Potiguara/RN)

O tema deste Café Literário sugere que há muito mais literatura de autoria indígena do que supõe o senso comum.
Pensando nas muitas histórias que os parentes indígenas (de diferentes etnias) têm para contar, a intuição me diz que a memória e a poesia revelam que as utopias não se perderam. Nos caminhos da Ameríndia as utopias se realizam toda vez que as pessoas se unem para superar as barreiras a que são submetidas pelo capital e pela arquitetura do preconceito.
O fato de estarmos aqui nos permite afirmar que não perdemos nossa identidade, nossa memória, ainda que o nosso jeito de ser e de viver cause estranhamento  às pessoas da cidade grande. A identidade e a memória (à semelhança do amor) dão sentido a nossa existência.
Há mais literatura de autoria indígena do que supõe a vã filosofia. Este fato nos permite apresentar (embora resumidamente) um exemplo da força que tem a memória ancestral no cotidiano das mulheres indígenas em várias partes do mundo. Vejamos o pensamento de Nicolasa Quintreman, uma liderança entre o povo Mapuche, no Chile (Cf. PORANTIM apud GRAÚNA, 2013, p. 36):

Não me interessa o dinheiro, nem uma casa com cozinha. Tenho o meu lugar, meu fogão e minha terra para trabalhar. Tampouco quero a luz que me oferecem, para isso tenho o sol... com isso estou bem. [...] a barragem não melhora a qualidade de vida, como disse o presidente. Tirar uma pessoa como se fosse um animal para um lugar que não lhe serve, que não conhece, isso não é qualidade de vida. Viver bem é permanecer na mesma casa onde eu nasci. A terra nos pertence, temos que cuidar dela, da mesma forma que a madeira, o rio e o capim que os porquinhos, as ovelhas e os cabritos comem. [...] não vou amolecer, [...] meu futuro será sempre o mesmo, não vou muda-lo. Morrerei na minha terra.  
  
Outro exemplo edificante vem da poesia Mapuche escrita por Rayen Kvyeh. Em seus versos, ela nos convida a romper o silêncio, a lutar pelos nossos direitos; sua poesia nos encoraja a contar a nossa autohistória. Vejamos um fragmento:

rompe o silêncio
da memória milenar
do povo mapuche
neste relato
da história, gravada
nos espíritos
de nosso povo

A sabedoria ancestral é vida que corre pelas gerações, afirma o crítico português Salvato Trigo (apud GRAÚNA, 2013, p. 113). Dentro desta perspectiva, a poesia de Rayen Kvyeh fala dos sonhos, onde os ancestrais (seus avós) aconselham desde sempre a lutar pela liberdade, a lutar pela terra. Vejamos mais um treco dessa poesia (Cf. GRAÚNA, p. 113):

nos meus sonhos
meus avós têm falado.
Da cordilheira ao mar
de norte a sul,
desde o mais profundo
da nossa mãe terra
suas vozes aconselham
que expulsemos
os usurpadores
da nossa terra.
Os usurpadores
da nossa liberdade.

Em várias partes do mundo há milhares de povos indígenas que expressam seu amor à terra, seu desejo permanente de justiça e liberdade, seja por meio da contação de histórias, da poesia, da arte plumária, do grafismo, do barro ou dos sonhos que trazem as canções da mata e do amor à natureza; pois como diria Ana da Luz Fortes do Nascimento (uma anciã Kaingang): somos a raiz da esperança, a multiplicação da luta à semelhança da terra que multiplica o cereal plantado.

Graça Graúna
Rio de Janeiro, 3.set. 2013

GRAÚNA, Graça. Contrapontos da literatura indígena contemporânea no Brasil. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2013.