Magritte. Extraído do Google
O final do semestre acadêmico (2012.2),
no Curso de Letras da UPE/Campus Garanhuns - especificamente o IV e VII períodos
– foi mesclado de leituras poéticas e outras práticas literárias tais como as
reflexões acerca do livro "Flicts", de Ziraldo, sob a orientação do Prof. Jairo Luna. Outro momento importante foi a proposta da aluna Karla
Karine, com o poema “Múltiplas faces", orientanda do Prof. Elcy Cruz.
Por sua vez, o IV Período de Letras da noite (com a minha orientação) mostrou completo envolvimento com a poética barroca da portuguesa Mariana Alforado. Com
essas atividades, reafirmamos nosso compromisso com a Literatura, esperando que
as produções literárias se multipliquem em nossas vidas dentro e fora da Universidade.
Outro momento impar, no campo literário, vale
destacar: trata-se do trabalho de conclusão do Curso de Especialização da poeta
Marcia Maracajá. Ela defendeu sua monografia na UAG/UFRPE. Participei da banca
de avaliação ao lado do Prof. Nilson Carvalho e da Profª. Marcia Félix. O trabalho de Maracaja
enfatiza o "Corpo como mídia dizível: a performance literária no
contexto educacional".
Esses acontecimentos podem ser lidos
também à luz das boas palavras de René Magritte ("Isto não é um
cachimbo"). Aqui, tomo a liberdade de apresentar um fragmento do prefácio que esse artista escreveu na década de 60. O texto completo será apresentado, aqui, no início do ano letivo, em
2013. O que sugere Magritte?
“A
semelhança – tal como é usada na linguagem cotidiana – é atribuída às coisas
que possuem ou não natureza comum. Diz-se: parecidos como duas gotas d’água, e
diz-se, com a mesma facilidade, que o falso se parece com o autentico. Esta
pretensa semelhança consiste em relações de similitude, distinguidas pelo pensamento
que examina, avalia e compara. Tais atos do pensamento se efetuam com uma
consciência que não vai além das similitudes possíveis: a essa consciência, as
coisas revelam apenas seu caráter de similitude.
A
semelhança se identifica com o ato essencial do pensamento: o de parecer. O
pensamento parece tornar-se aquilo que o mundo lhe oferece e restituir aquilo
que lhe é oferecido, ao mistério no qual não haveria nenhuma
possibilidade de mundo nem de pensamento. A inspiração é o acontecimento onde
surge a semelhança.
A
arte de pintar – não concebida como mistificação mais ou menos inocente – não seria
capaz de enunciar ideias nem exprimir sentimentos: a imagem de um rosto que
chora não exprime a tristeza, do mesmo modo que não anuncia uma ideia de
tristeza, pois ideias e sentimentos não possuem nenhuma forma visível” (MAGRITTE,
1961)
Com o poema “Múltiplas faces”, de
Karine, desejo que o ano de 2013 seja repleto de bons fluídos, pois não saiu da
validade o direito de sonhar, o direito à expressão de Liberdade.
Que
Ñanderu/Deus/Tupã nos acolha.
Graça
Graúna, Nordeste do Brasil.
Imagem extraída do Google
Múltiplas faces
Autoria: Karla Karine Tenório
(aluna do VII Período
de Letras, UPE/Campus
Garanhuns).
Apresento as faces,
As cores revertidas
O preto sobre o branco,
O branco sobre o preto.
As cores!
Cadê as cores?
Não há cor,
Apenas as faces humanas.
Uma reflete o animus,
Outra anima,
Ambas acendem a luz,
E clareiam o nosso devaneio
de infância,
As variações nos deixam
tontos,
Sempre há montante sobre
mim mesmo.
Vagando pelos campos,
O poeta solitário,
Inventa! Não há nada
perdido,
No fundo de sua
memória,
Que aurora, será
rasgada
A face dupla cor.
Ressurgiu rememorada?
Os lentiscos de tristeza,
Que rememoramos a vida
inteira
A nostálgica criança
pensativa e triste,
Que nunca ri,
Silenciosa e triste.
A face aveludada,
Que encobre o amargo
espetáculo,
E escorre liquido, entre as
formas distorcidas
Da realidade amarga.
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