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24 dezembro 2012

Poema de Natal


Imagem extraída do Google

Autoria: Pedro Casaldáliga

- Sentinela, o que há da noite?
O que há da crise?

- De onde perguntas?
Perguntas desde a fome
ou desde o consumismo?
O grito dos pobres
sacode tuas perguntas?

Pastores marginais
cantam a Boa Nova
com flautas e silêncios,
contra os grandes meios,
os meios dos grandes.

Nasceu-nos um Menino,
um Deus nos foi dado.
É para nascer de novo,
desnudos como o Menino,
descalços de cobiça,
de medo e de poder,
sobre a terra vermelha.

É para nascer de novo,
abertos ao Mistério,
ungidos de esperança.

15 dezembro 2012

Poesia e performance do cotidiano

Magritte. Extraído do Google

O final do semestre acadêmico (2012.2), no Curso de Letras da UPE/Campus Garanhuns - especificamente o IV e VII períodos – foi mesclado de leituras poéticas e outras práticas literárias tais como as reflexões acerca do livro "Flicts", de Ziraldo, sob a orientação do Prof. Jairo Luna. Outro momento importante foi a proposta da aluna Karla Karine, com o poema “Múltiplas faces",  orientanda do Prof. Elcy Cruz. Por sua vez, o IV Período de Letras  da noite (com a minha orientação)  mostrou completo envolvimento com a poética barroca da portuguesa Mariana Alforado. Com essas atividades, reafirmamos nosso compromisso com a Literatura, esperando que as produções literárias se multipliquem em nossas vidas dentro e fora da Universidade.
Outro momento impar, no campo literário, vale destacar: trata-se do trabalho de conclusão do Curso de Especialização da poeta Marcia Maracajá. Ela defendeu sua monografia na UAG/UFRPE. Participei da banca de avaliação ao lado do Prof. Nilson Carvalho e da Profª. Marcia Félix. O trabalho de Maracaja enfatiza o "Corpo como mídia dizível: a performance literária no contexto educacional".  
Esses acontecimentos podem ser lidos também à luz das boas palavras de René Magritte ("Isto não é um cachimbo"). Aqui, tomo a liberdade de apresentar um fragmento do prefácio que esse artista escreveu na década de 60. O texto completo será apresentado, aqui, no início do ano letivo, em 2013. O que sugere Magritte?

“A semelhança – tal como é usada na linguagem cotidiana – é atribuída às coisas que possuem ou não natureza comum. Diz-se: parecidos como duas gotas d’água, e diz-se, com a mesma facilidade, que o falso se parece com o autentico. Esta pretensa semelhança consiste em relações de similitude, distinguidas pelo pensamento que examina, avalia e compara. Tais atos do pensamento se efetuam com uma consciência que não vai além das similitudes possíveis: a essa consciência, as coisas revelam apenas seu caráter de similitude.
A semelhança se identifica com o ato essencial do pensamento: o de parecer. O pensamento parece tornar-se aquilo que o mundo lhe oferece e restituir aquilo que lhe é oferecido, ao mistério no qual não haveria nenhuma possibilidade de mundo nem de pensamento. A inspiração é o acontecimento onde surge a semelhança.
A arte de pintar – não concebida como mistificação mais ou menos inocente – não seria capaz de enunciar ideias nem exprimir sentimentos: a imagem de um rosto que chora não exprime a tristeza, do mesmo modo que não anuncia uma ideia de tristeza, pois ideias e sentimentos não possuem nenhuma forma visível” (MAGRITTE, 1961)

Com o  poema “Múltiplas faces”, de Karine, desejo que o ano de 2013 seja repleto de bons fluídos, pois não saiu da validade o direito de sonhar, o direito à expressão de Liberdade.
Que  Ñanderu/Deus/Tupã  nos acolha.

Graça Graúna, Nordeste do Brasil.

 Imagem extraída do Google

Múltiplas faces

Autoria: Karla Karine Tenório
(aluna do VII Período
de Letras,  UPE/Campus Garanhuns).

Apresento as faces,                                   
As cores revertidas
O preto sobre o branco,
O branco sobre o preto.
As cores!       
Cadê as cores?
Não há cor,
Apenas as faces humanas.
Uma reflete o animus,                                           
Outra anima,                                                                 
Ambas acendem a luz,                                            
E clareiam o nosso devaneio de infância,         
As variações nos deixam tontos,                               
Sempre há montante sobre mim mesmo.

Vagando pelos campos,
O poeta solitário,
Inventa! Não há nada perdido,                                
No fundo de sua memória,                                              
Que aurora, será rasgada                                                    
A face dupla cor.

Ressurgiu rememorada?
Os lentiscos de tristeza,
Que rememoramos a vida inteira
A nostálgica criança pensativa e triste,
Que nunca ri,
Silenciosa e triste.

A face aveludada,
Que encobre o amargo espetáculo,
E escorre liquido, entre as formas distorcidas
Da realidade amarga.



09 dezembro 2012

Cartas em defesa dos direitos humanos


Anistia Internacional lança campanha de cartas em defesa de militantes dos direitos humanos


Fonte: Alana Gandra (Repórter da Agência Brasil)


Rio de Janeiro - A Praça São Salvador, em Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, é palco esta noite (07) do lançamento da campanha Escreva por Direitos, que a organização não governamental (ONG) Anistia Internacional promove anualmente em todo o mundo. O movimento estimula o envio de cartas denunciando ameaças a defensores dos direitos humanos.
“A gente pede para as pessoas escreverem cartas para as autoridades competentes, para que elas tomem uma atitude sobre a situação do defensor em risco ou sobre o caso de violação de direitos humanos que está ocorrendo”, disse à Agência Brasil a  assessora de Direitos Humanos da ONG, Renata Neder. A maratona de cartas se estenderá até o dia 16 deste mês.
Este ano,  no Brasil, serão trabalhados  seis casos de defensores de direitos humanos em situação de risco, que necessitam proteção por parte das autoridades de cada país. Dois desses casos  são de brasileiros: o pescador Alexandre Anderson, presidente da Associação Homens e Mulheres do Mar (Ahomar), de Magé, no estado do Rio de Janeiro, e Nilcilene de Lima, presidenta de uma associação de pequenos produtores e extrativistas em Lábrea, estado do Amazonas, que luta contra a exploração ilegal de madeira na região.
Nos próximos dias 12 e 13, ocorrerá um ato no Campo do Gragoatá, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, alusivo aos seis casos de defensores de direitos humanos escolhidos para a iniciativa deste ano. Outras cidades brasileiras, entre as quais São Paulo, Curitiba, Manaus e Belém, deverão também fazer a coleta de cartas, que serão enviadas ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Amanhã (08), a Anistia Internacional realiza ato em apoio a Alexandre Anderson na Praia Vermelha, na Urca, aproveitando a realização de uma etapa do Campeonato Nacional de Canoagem Polinésia Rio Va'a na cidade. Os pescadores da Ahomar contam com a solidariedade dos praticantes de canoagem polinésia que remam na Baía de Guanabara.
Renata Neder destacou que, desde o derramamento de óleo que ocorreu em 2000 na Baía de Guanabara, os pescadores de Magé têm se mobilizado  em defesa da pesca artesanal. Eles alegam que a criação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e a realização de outros empreendimentos ligados à indústria petroquímica vêm gerando uma série de impactos ambientais e zonas de exclusão de pesca.
A assessora da Anistia Internacional esclareceu que cada empreendimento implantado na Baía de Guanabara estabelece um perímetro de segurança que o pescador não pode ultrapassar. “Nos últimos dez ou 15 anos, todos esses empreendimentos reduziram dramaticamente a área disponível para a pesca artesanal. Os pescadores têm se mobilizado em defesa da pesca artesanal, em defesa da Baía de Guanabara, e vivem uma situação de risco”.
Quatro pescadores  da Ahomar já foram assassinados desde 2009, sendo dois por armas de fogo e dois por afogamento, segundo a assessora. Esses  últimos casos foram registrados em 2012. Renata denunciou que, até hoje, os quatro homicídios permanecem sem solução. “Eles não foram devidamente investigados e apurados e vários membros da Ahomar, em especial Alexandre, têm sofrido ameaças constantes. Alexandre já sobreviveu a vários atentados diretos contra a vida dele”, informou.
“A gente está pedindo para as pessoas escreverem uma carta para o Ministério da Justiça sobre o caso do Alexandre Anderson, para elas manifestarem a preocupação com  essa situação de conflito socioambiental que se instalou na Baía de Guanabara”.
Será pedido também que as autoridades investiguem as quatro mortes de pescadores e as ameaças que o presidente da Ahomar, sua mulher Daisy e os demais membros da associação vêm sofrendo, e ainda que garantam a segurança dos pescadores de Magé. Atualmente, Alexandre Anderson  e sua mulher estão incluídos no Programa Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (PNDDH).
Edição: Davi Oliveira