A edição mais recente da Revista Continente (n. 133, Ano XII, jan.2012) traz uma reportagem especial a respeito da Literatura Indígena. A matéria (Literatura – encontro entre oralidade e memória de uma nação) é assinada pela jornalista Isabelle Câmara. A capa é ilustrada por Maurício Negro; conforme suas declarações à revista, sua ilustração é uma homenagem aos Kambiwá – povo indígena do sertão pernambucano que se veste de fibra de caroá para participar do ritual do praiá.
A reportagem destaca a atuação de Nhenety Karirio-xocó junto à rede Índios Online; uma rede voltada para o diálogo entre os povos indígenas. Outra Ong indígena apresentada na matéria é a Thydêwá – por meio da qual os indígenas do Nordeste lançaram o vídeo duplo “Celulares indígenas” e “Indígenas digitais” e o livro “Somos patrimônio - índios na visão dos índios”. A matéria também focaliza o livro “Filhos da mãe natureza”, do povo Xucuru (PE); “Caminhando pela história pataxó”, de Katão Pataxó (BA) e o pensamento de Marcos Terena – uma das lideranças mais respeitadas no país e articulador dos direitos indígenas. Terena é coautor do livro: O índio aviador. Segundo Terena, “cada índio escreve segundo a sua etnia, sua identidade” (CONTINENTE, p. 28); ele ressalta que os livros que escrevemos servem para todos os indígenas.
Tive a oportunidade de trocar muitas ideias com Isabelle, de maneira que o nosso diálogo se transforma em várias passagens de sua reportagem com referência ao meu pensamento em torno da literatura indígena. A matéria também cita outros escritores indígenas e algumas de suas obras: Ely Macuxi (Ipaty: o curumim da selva); Olivio Jekupé (Tekoa, conhecendo uma aldeia indígena); Eliane Potiguara (Metade cara, metade máscara), Sulamy Kati (Nós somos só filhos); Tiago Hakiy (Awyató-Pó, histórias indígenas para crianças); Vãgri Kaigand (Jóty, o tamanduá); Arthur Shaker (Por dentro do escuro); Povo Cariri (Mãe D’Água, uma história dos cariris) e várias obras de Daniel Munduruku que em sua entrevista afirma que em nossa literatura indígena “o repertório das histórias é inesgotável” (CONTINENTE, p.30).
Para concluir este meu pequeno comentário em torno da reportagem especial da Revista Continente, gostaria de reiterar algumas palavras que declarei à jornalista Isabelle. Quando ela me perguntou sobre a designação de literatura indígena, respondi que a nossa literatura indígena é tão universal quanto a literatura brasileira, portuguesa, hispânica, entre outras manifestações artísticas. A designação indígena, nativa, periférica ou minorias não aumenta ou diminui a noção estética; mas aguça a noção de resistência, de identidade.
Nordeste do Brasil, verão de 2012.
Graça Graúna
grata pela divulgação, Graça. sem a sua ajuda, a matéria não seria a mesma.
ResponderExcluirque sua escrita continue de luz e amor.
Oh, GG, Grão abençoado de Ñanderu -, como você nos alegra e nos enche de orgulho! Só uma revista sendo Continente para iniciar o processo do que é fantástico via as visões e palavrasdos nossos parentes!
ResponderExcluirGuê, Grão sagrado!!!
Querida Isabelle; guardarei na memória esse momento tão especial que foi/é a sua atenção aos meus escritos. Você é uma criatura muito especial. Fique na paz de Ñanderu. Graça Graúna
ResponderExcluirQuerido Ademario - nunca é demais repetir o quão é importante a sua presença em minha vida. Saiba que estou/estarei torcendo sempre por você. Grata pela leitura acolhedora acerca da nossa Literatura Indígena, na Revista Continente. Que Ñanderu nos acolha, Gaúna,Grão...rs...
ResponderExcluir