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14 dezembro 2009

Folia de reis

Imagem: Flickr

Os reis mag(r)os lentamente
caminham pelo sertão
anunciam que a vida
é de curta duração
enquanto o sol arrebentar
em pedacinhos o chão

Léguas e luas de sede
ovos de camaleão
mas nem tudo está perdido:
na direção da estrela
a flor do mandacaru
dá esperança ao sertão


Graça Graúna
Nordeste do Brasil,
poema publicado originalmente em cartão postal, em dezembro de 1981.
Nota: poema publicado no Overmundo

10 comentários:

  1. ...pois é, minha parente Caingang: aqui no Nordeste a gente madruga...risos...bjos.

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  2. Reis "magros"...
    No País da moral delgada
    Existem políticos magos
    E uma nação degolada

    Bj

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  3. Meu querido Ivan: é uma honra muito grande para mim receber sua visita e comentário tão poético no meu blog. Bjos de luz, Grauninha

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  4. Oi! Minha segunda mensagem nao chegou a net caiu. Esse poema é maravilhoso. Léguas e luas de sede ovos de camaleao.

    Beijos

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  5. Iracema Caingang - minha irmanzinha em Ñanderu, adoro sua ppresença, viu? Grata pela leitura e votos de Esperança pelo Natal. Bjos, Grauninha.

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  6. Olá, minha irmã Caingang: grata por sua doce presença. Bjos.

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  7. De uma sensibilidade imensa tua analogia: reis e retirantes...
    A estrela anunciante, o sol maior.

    ...

    Deixo-te algo meu, como filha de sol forte que sou:

    Quando tu me [Nor]deste tua sede

    Sou desértica em sede
    semântica de ser
    Nordeste.

    Descalça descaminho
    por paisagens não-verbais
    Espinho.

    Fotossíntese em sintaxe
    sol que chora, cora e arde
    [pela chuva]
    Sertão.

    Soul nublada.
    Soul crepúscula.

    Meu poema feito ave
    [de arribação].

    ...

    Nos sulcos desse solo
    Inscrevo-me em entrelinhas
    Escorro-me em desalinho.
    .
    Se
    Rio seco
    Sorrio em cheio
    [boca sequiosa a olhar o céu]
    .
    É quando conto preces miudinhas
    Nas contas das mãos rezadeiras
    mulheres rendeiras
    não se rendem à falta de
    [bordam-se da fé que alguém perdeu]
    .
    Povo meu!
    Segue o desvio da sua sina
    lavadeiras sem leito, sem foz
    sem vozes justiceiras
    vagueando à luz de serem
    candeeiras, lamparinas
    em seus passos pacientes
    de Sinhá Vitória rouca,
    de esperança Severina.
    .
    Katyuscia Carvalho

    Um beijo.

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  8. Katyuscia, estimada: só agora arrecadei um tempinho para agradecer sua presença tão poética em meu blog. Gostei do seu poema. Grata por existir, Graça Graúna

    Feliz 2010!!!

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