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04 agosto 2009

Cênica

Para: Chico Buarque, Elis Regina e Helena Parente Cunha.


PRIMEIRO ATO
Ele praguejava tanto...
_ Faça isto, faça aquilo!
Não me interessa
o que você pensa
o que você quer
o que você sonha!

SEGUNDO ATO
Arrastando a cruz
em seu silêncio’
“ela não consegue despregar
nenhum sorriso”.

TERCEIRO ATO
Quebrado o encanto
ouve-se uma voz:
_ Não chores tanto.
Ter consciência
dos próprios direitos
é mirar-se no espelho
de marias e liliths
soltar a voz
juntar os cacos
e, se possível, reconhecer
a identitária chama.

ÚLTIMA CENA
Vestida de coragem
ela soltou a voz
dançou a valsa da cidade
e seguiu pela vida
em sintonia com o tempo.

Graça Graúna. Cênica. In: Antologia talento delas. São Paulo: Rebra Selo Editorial, 2007, p. 64-66.


Nota: publicado no Overmundo.

2 comentários:

  1. Graça

    Muito boa poesia, fiquei um tempo sem saber comentar, mas depois, lendo e relendo, fui percebendo a mulher que se atualiza no tempo querendo criar vanguarda.

    Abração

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  2. Almirante, meu querido poeta e amigo. Muito grata pela leitura. Fico feliz que tenha gostado do poema Cênica Bjos.

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