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24 dezembro 2014
09 dezembro 2014
07 dezembro 2014
Com os direitos humanos
Para
não esquecer o dia 10 de dezembro, data em que se comemora a Declaração Universal
dos Direitos Humanos e que neste ano de 2014 completa 66 anos; tomo a liberdade
de sugerir algumas leituras a fim de que possamos construir um mundo cada vez
mais justo e feliz.
Um mundo feliz pode ser construído desde cedo, pelo menos é o que sugere a união da palavra e da imagem
destinada as crianças no livro "ABC dos direitos humanos”
(Cortez Editora, 2012), escrito por Dulce Seabra e Sergio Maciel, com
ilustrações de Albert Linhares. É desejo dos referidos autores que as crianças
de ontem e hoje tenham seus direitos respeitados e que vivam plenamente em liberdade e paz. Na perspectiva de A à Z,
as letras trazem a dinâmica relação entre direitos e deveres.
Entre
os verbetes, E de Escravidão mostra
que “nenhum ser humano pode ser mantido como escravo ou em situação de
serventia” (p.16). F de Fraternidade diz que “todos os seres
humanos devem agir com espírito de fraternidade, ou seja, como irmãos, já que
fazemos parte de uma grande família” (p.18). Em H de Honra,
“todo ser humano tem o direito de ser respeitado, não sofrendo ataques à sua
honra, nem interferências em sua vida privada” (p.22). O verbete Justiça
alerta que “a igualdade de tratamento e a dignidade de todos os seres humanos
são garantidas pela justiça” (p.26). X de Xenofobia
fala do “comportamento dos que não gostam de pessoas e coisas de outros países,
levando a incompreensão, conflitos e guerras” (p.54). Y de Yvypóra é a palavra indígena guarani para significar ‘seres
humanos’. O livro informa que Guarani é também uma das 350 línguas em que a
Declaração Universal dos Direitos Humanos foi traduzida.
No
campo dos direitos humanos, outras obras destinadas ao publico infantil ganham
relevo, a exemplo dos livros escritos por Claudia Werneck. Preocupada com a falta de mais
informações sobre o tema, Werneck escreveu, para os leigos, em 1992, o
livro Muito prazer, eu existo. Pela abordagem em torno do direito
de ser diferente e do respeito às diferenças, esse livro é considerada pelos
especialistas como uma das obras brasileiras mais completas a respeito da
chamada síndrome de Down. Três anos depois, a escritora Werneck demonstra, mais
uma vez, seu compromisso com a inclusão ao publicar Um amigo diferente? (1995);
um livro que trata da aventura humana, especificamente de crianças que vivem em
meio a diabetes, doenças renais, alergias e outros problemas. Em 1998, por sua
dedicação ao estudo da síndrome de Down, Claudia Werneck recebeu o título de
Jornalista Amiga da Criança pela Fundação Abrinq e pela Agência de Notícias dos
Direitos da Infância. Em
1999, contrariada também com o uso e o abuso que se faz em torno da palavra
todos, ela publica “Sociedade
inclusiva: quem cabe no seu TODOS? (1999). Para a UNICEF e à UNESCO, Meu
amigo Down, na rua (2004) faz parte de um conjunto de leituras
indispensáveis a quem deseja enveredar pelos difíceis caminhos em prol dos
direitos humanos e entender, entre outras questões, conceitos como: cidadania,
sociedade inclusiva, respeito, diferenças.
Outro
livro importante: Direitos humanos em
movimento (Edupe, 2011). Traz artigos, ensaio fotográfico, oficinas,
poemas, resenhas e relatos da experiência de alunos e professores
universitários no agreste pernambucano, tendo como linha de pesquisa a relação
entre literatura e direitos humanos. Um
trecho da apresentação do livro sugere que:
Uma
experiência tem sempre a companhia do sujeito, ou melhor, de muitos sujeitos.
Daí só podermos contá-la em conjunto porque se trata de histórias que vivemos
na companhia do outro. Vocês devem estar se perguntando: mas a experiência não
é individual? De fato, ela carrega o modo singular de estar no mundo e, para
nós, carrega também o modo coletivo de estar com o mundo. Essa condição de
humanidade que envolve a todos que trabalham com os Direitos Humanos é prova da
inseparabilidade entre pensamento e ação. Partilhar a experiência de muitos
outros a tantos outros, significa que podemos conversar numa grande roda. Ela
foi organizada para que crianças, jovens ou adultos de diferentes etnias, no
campo ou na cidade, nas escolas, universidades, associações ou em diferentes
espaços possam sentir-se acolhidos em seus desejos. O importante é que, neste
livro, a escrita de artigos e relatos atravessou o tempo e o espaço e os
distintos modos de fazer e perceber-se humano (GRAÚNA; CARVALHO; SANTOS,
2011).
Mais
uma sugestão de leitura: Mini Larousse dos Direitos da criança (Larousse
Junior, 2005). Muitas leituras são necessárias, pois trata-se também de uma tema
de referencia aos pais, a educadores e a todos que acreditam que é sempre hora
de fazer valer também o Estatuto da criança e do adolescente, o direito de
todos.
Sendo assim, cabe lembrar que não estamos mais na Idade da Pedra; quando os mais fortes dominavam os mais fracos. Se os mais fortes insistem em mandar no mundo, tem gente ‘miúda’ que pensa ‘grande’, pensa em direitos iguais, pois gente miúda também quer a paz no mundo.
Sendo assim, cabe lembrar que não estamos mais na Idade da Pedra; quando os mais fortes dominavam os mais fracos. Se os mais fortes insistem em mandar no mundo, tem gente ‘miúda’ que pensa ‘grande’, pensa em direitos iguais, pois gente miúda também quer a paz no mundo.
Nordeste do Brasil, 7 de dezembro de 2014
Graça Graúna
06 dezembro 2014
Flor da mata: poesia indígena
“Ô caboclo lindo
Que anda fazendo aqui?
Eu ando por terra alheia
Procurando por minha ciência.”
(Canto Kariri-Xocó)
À
luz do canto Kariri, nem é preciso dizer que o cantar acompanhado de um pisar
forte ao som das maracas faz do toré uma ciência. Essa manifestação sagrada
está no ser e no viver dos indígenas da Região Nordeste. Sua poesia vem dos
ancestrais e se alastra como um bem precioso na mente e no coração dos Filhos
da Terra; uma ciência que dá resistência, mesmo quando o ser indígena se vê
meio deslocado em terra alheia.
Entre os Xukuru de Ororubá (Pesqueira/PE), por
exemplo, o toré ganhou novos significados a partir da liderança do Cacique
“Xicão”; novos significados ou um toque mais moderno que algumas mulheres do
povo Xukuru revelam ao enfeitar os seus trajes e adereços com flores, de maneira que isso não as impede de usar vestimentas feitas da
palha de milho, da palha de coco e das penas de aves; pois este é um costume
que vem dos antepassados.
Minha intuição diz que a flor - entre
os adereços agora presentes no toré - sugere ao mesmo tempo a leveza e a força
que vem da Mãe-Terra; leveza e força que o “haijin” (fazedor de haikai) também
necessita parao haikai acontecer. Pensando assim, espero que este livro seja
também veículo de comunicação entre os amantes da poesia, pois enquanto houver
poesia existirá comunicação entre os “encantados” e os participantes do Toré.
O segundo motivo que me levou a escrever esta pequena
apresentação remete à boa lembrança que eu guardo do ensaísta Antonio Fernando
Viana, do qual fui aluna na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde ele
ministrou Literatura Comparada nos Cursos de Pós- Graduação em Letras. Recordo
das muitas vezes em que ele me convidou a participar dos encontros e/ou caravanas
literárias que ele organizou junto ao Núcleo de Programas Educacionais e
Culturais (NUPEC/UFPE). Sendo assim, ao abrigo das boas palavras de Antonio
Viana, tomo a liberdade de transcrever, aqui, um fragmento da resenha que ele
fez acerca do meu livro “Canto Mestizo” (1999); essa resenha consta dos Anais
do “I Encontro de Cultura Nordestina: do aboiar do vaqueiro à cadência do
frevo”, realizado em 2000, na FABEJA, em Belo Jardim (PE).
Faz alguns anos que Antonio Viana nos deixou,
mas a saudade fica de tal forma que as suas palavras dão mostra do ser sensível
que compartilhou a riqueza de sua alma para aproximar os possíveis leitores
dos meus quase haicais. Que assim seja e com a palavra, Antonio:
[..] Tentarei
expressar nestas palavras minha surpresa e meu encanto ao descobrir a poesia de
Graça Graúna [...] vemos a autora mostrando- se como um haijin (poeta de
haicai), unindo simplicidade, sensibilidade e sabedoria, em poemetos concisos,
em três versos, como o faziam os antigos haicaístas. Fiel à estética e aos
princípios desta forma poética, a autora cristaliza a instantaneidade do momento, a
transitoriedade do sentimento, assim como a fugacidade do tempo através de
imagens do dia, palavras, cores e sons do cotidiano, da maneira mais simples
possível, como deve realmente ser um belo e autentico haicai. Aqui captamos
toda a emoção, a sensação e o sentimento da poetisa apresentados como uma
espécie de convite a um diálogo e encontro maior com a sua poesia [...] (VIANA, 2000, p. 85-86).
Nordeste do Brasil, abril de 2014
Graça Graúna
GRAÚNA, Graça. Flor da mata. Belo Horizonte: Penninha Edições, 2014.
ISBN: 978-85-67265-08-7
1. Poesia brasileira. 2. Poesia indígena.
Ilustração: Carmen Barbi
Capa: Letícia Santana Gomes
Contato: teardapalavra@gmail.com
Ilustração: Carmen Barbi
Capa: Letícia Santana Gomes
Contato: teardapalavra@gmail.com