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30 dezembro 2011

Do Anjo nosso de cada dia

Foto: Ana Ines

Eu fico com a pureza da resposta das crianças.
É a vida, é a vida ...” (Gonzaguinha)

Na tentativa de escrever alguma coisa acerca dos Anjos, me deixei levar pela fantasia e desse modo não percebi, como deveria, as várias faces da realidade que compõe os seres angelicais. 
Não é só na época do Natal que os anjos aparecem e distendem suas asas e derramam sua luz sobre todos nós. Os seres angelicais podem circular por qualquer lugar e hora, em qualquer dia da semana. Eles são seres livres, embora muitas vezes caiam nas armadilhas que criamos e por abrirem sem restrições as suas asas para nos acolher, acabam aprisionados no nosso egoísmo; na nossa falta de discernimento, na nossa ânsia de consumismo que, mesmo sem perceber, criamos em meio à inveja, à desatenção, ao desrespeito, ao desamor, à banalização. Cheguei até a alimentar a ideia de que os anjos podem ficar num cantinho de sala, como se fora um objeto decorativo. Mas como ele pode cumprir seu papel de Anjo se limitarmos seus movimentos? Na verdade, eles gostam de circular, de marcar sua presença no meio da rua, num viaduto, debaixo duma árvore, em cima de um prédio, numa estrada deserta,  nos arquivos de um computador, num papel de parede, na cozinha, no banheiro, nos jardins, nas escolas, nas casas, nos hospitais, nas prisões, nas igrejas, nas feiras livres, nos transportes coletivos, numa tirolesa, no bagageiro de uma bicicleta. Em qualquer lugar e hora os anjos nos acompanham infinitos em sua luz; Mensageiros; Repletos de energia divina; Justos; Divertidos; Amorosos; Protetores. 
Que esta legião de anjos do bem continuem nos acompanhando todos os dias, todas as noites, a cada minuto, em 2012 e sempre; anjos semelhantes a estes que eu espero estar sempre por perto ao longo da minha vida:

Domingo: que o Anjo da Infinita Luz nos guarde, nos proteja; que seja nosso guerreiro e com a sua espada poderosa e flamejante nos livre de todo mal.
Segunda feira: que o Anjo Mensageiro nos traga sempre boas notícias e que em nossa relações com os outros Ele nos cubra de harmonia, paz e alegria.
Terça feira: que o Anjo da Energia Divina nos dê força e coragem para seguir lutando. Que nos ajude a combater os momentos de fraqueza com firmeza e determinação.
Quarta feira: que o Anjo da Cura ilumine nossa alma e com a sua proteção nos livre de todos os males que impedem a nossa evolução espiritual e material.
Quinta feira: que o Anjo da Justiça Divina nos dê inspiração para usar com discernimento  as palavras escritas ou faladas e todo ensinamento  vindo de Cristo e  dos seres celestiais.
Sexta feira: que o Anjo do Amor traga equilíbrio às nossas emoções; que a harmonia se instale em nossa alma; que o Amor habite para sempre em nossos corações.
          Sábado: que o Anjo da Proteção ajude-nos a cumprir a nossa missão segundo a vontade de Deus e desse modo marcarmos positivamente a nossa passagem na terra.

Brasília/DF, verão de 2011
Graça Graúna

25 dezembro 2011

Já nasceu Deus-Menino!!!

 
Entardecer no Ibirapuera. Imagem extraída do Google.

Às vésperas do Natal estive no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, numa tarde de domingo com muito sol para celebrar também o início do Verão. Poucas vezes vi o céu de São Paulo com um azul tão nítido e com mesclas amarelas cor de girassol, contrastando com o céu geralmente cinzento decorrente da poluição. 


 Ibirapuera. Imagem extraída do Google

 

Com o horário de verão o dia pareceu mais longo e as luzes que decoram a fonte do Parque Ibirapuera foram acesas tarde da noite ao som de belas canções, entre elas uma das mais conhecidas composições de John Lennon e Yoko Ono: “Happy Xmas” (http://letras.terra.com.br/john-lennon/#mais-acessadas/22568/). 

 

 
Ibirapuera. Imagem extraída do Google

Na ocasião, centenas de pessoas se acotovelavam na grama para ver mais um espetáculo: a dança das águas e o arvoredo repleto de luz. Também chamou a atenção dos freqüentadores do parque e de todos que estavam ali pelo espírito natalino a grande árvore decorada com anjos, estrelas, sinos e caixas de presente com grandes laços e outros enfeites.  A cada ano que passa, essa árvore surpreende com o seu tamanho os visitantes de várias partes do mundo.

 

Ibirapuera. Imagem extraída do Google


Dois dias antes da festividade em torno do nascimento do Menino-Deus, eu e parte da minha família vimos e ouvimos no Eixo Monumental de Brasília (DF) o coral da cidade que brindou a todos com uma das Bachianas de Heitor Villa-Lobos. Na tão esperada Noite de Natal, nós nos reunimos e agradecemos ao Altíssimo a oportunidade de estarmos juntos, mais uma vez, ainda que uma parte de cada um de nós esteja cumprindo seu ritmo em outras partes do mundo: Pernambuco, Natal (RN), Paraíba, Rio de Janeiro, São Paulo, Barcelona (Espanha). 

 
Fonte luminosa do Eixo Monumental/DF. Imagem extraída do Google

E a propósito da mescla cultural em que estamos inseridos, aproveito o momento para encerrar esta reflexão com um pensamento indígena. Nesta perspectiva, tomo a liberdade de compartilhar a mensagem natalina que outros indígenas e eu recebemos do parente Ely da etnia Macuxi (Roraima): “O tempo do Natal é um bom momento para renovarmos nossas esperanças e fortalecer nossa fé num mundo mais justo, mais humano e fraterno para todos. Um bom momento para agradecer o apoio e generosidade de sua amizade e companheirismo. Que o bom Deus, neste Natal, conceda muitas bençãos, saúde e paz para você e sua família.

Que Ñanderu nos acolha, onde quer que a gente esteja.

Que 2012 seja de muita alegria, justiça e prosperidade!

 

Brasília/DF, verão de 2011

Graça Graúna

17 dezembro 2011

Morre em Cabo Verde a Diva dos pés descalços


Imagem extraída doGoogle

Morre em Cabo Verde a cantora Cesária Évora

Fonte: EFE 

Paris, 17 dez (EFE).- A cantora de Cabo Verde Cesária Évora, conhecida como a diva dos pés descalços, morreu neste sábado aos 70 anos em um hospital de seu país, informou a emissora francesa "France Info".
Évora, nascida na cidade de Mindelo na ilha de São Vicente em 27 de agosto de 1941, havia se retirado dos palcos em setembro por motivos de saúde e de Paris, onde estava, decidiu voltar ao seu país para passar ali "seus últimos dias", indicou a emissora, citando seu agente e o Ministério de Cultura de Cabo Verde.
No último comunicado de sua gravadora, Lusafrica, no mês de setembro, os médicos que a acompanhavam na capital gala ordenaram o fim de sua próxima turnê, de acordo com seu produtor e manager, José da Silva, o que a levou a decidir pelo fim de sua carreira.
"Seus novos problemas de saúde seguem a várias cirurgias nos últimos anos, entre estas uma cirurgia no coração, em maio de 2010", detalhava a nota, na qual ressaltava que com essa decisão renunciava a uma vida itinerante que a levou a todo o planeta.
Évora publicou em 1988 seu primeiro álbum, "A diva dos pés descalços". Mas ela somente alcançou sucesso em 1992, quando lançou "Miss Perfumado", assombrando o mundo e começou a viajar com sua morna (o blues cabo-verdiano), que segundo sua gravadora sabe transmitir a melancolia de seu país.
A artista recebeu em 2009 a insígnia da Ordem da Legião de Honra da França depois de mais de 45 anos de carreira musical, incluindo seus 14 álbuns.
Ela ganhou o apelido de "diva dos pés descalços", título de seu primeiro disco, por cantar sem sapatos em suas atuações, em homenagem aos mais pobres, e as letras de suas canções frequentemente eram dirigidas a essas pessoas.

16 dezembro 2011

Dos sonhos, rios e pedras na Pinacoteca


Caminhando calmamente por uma rua arborizada da cidade, avistei um prédio branco, baixo e bem amplo. Na entrada, a escadaria e as portas bem largas dão sinais que a informação está correta; não tem errada, do outro lado dá até pra ver a Cidade da Criança.  Seguindo o mapa, entrei na Pinacoteca de São Bernardo do Campo para cumprir mais um ritual que eu faço sempre quando tenho a oportunidade de conhecer uma cidade pela vez primeira: visitar igrejas, museus, livrarias, brechós, cafés, cinemas, feira, praças, algumas aldeias e o que mais a geografia e o senhor tempo permitir. 

Imagem extraída do Google

O cenário externo da Pinacoteca traz um pequeno jardim de esculturas que se transforma em convite para os curiosos e os amantes das artes se aproximarem sem medo e, devgarosamente, se deixarem levar pelo encantamento que a arte pode provocar; ainda que esse encantamento venha mesclado de susto diante de uma série de realidades que os menos avisados não suportam ver.
Tão logo entrei no hall do prédio, um funcionário atencioso me acompanhou pela escadaria interna que leva ao piso superior e de repente fui agraciada pela memória das águas na exposição “Rio acima rio abaixo”, da artista plástica Beta. Entre as pedras brancas dos rios e a cor de barro de outras pedras arrumadas num pote uma escultura simboliza, talvez, a mãe da cachoeira ou a guardiã do caminho das águas, das conchas e escamas do universo aquático de que somos feitos, de onde viemos. Penso que a arte de Beta em “Rio acima rio abaixo” traz um recado que devemos intuir a propósito do grande acontecimento que é/será Rio+20; por isso mesmo nunca é demais abraçar a ideia de que somos uma pequena gota de água que faz parte de um rio que luta para sobreviver.
Pelo direito de sonhar, o artista plástico Ricardo Amadasi - com a exposição “A estrutura e o sonho” - nos aproxima de uma realidade que se entrelaça ao desejo de paz simbolizada também, nos pássaros que distendem suas asas em muitas de suas gravuras, a exemplo da pomba que vela o sono de crianças abandonadas num banco de praça; talvez seja a mesma pomba que ao lado de uma criança provoca a unidade na pintura intitulada “Somos o que somos juntos” e que também parece acompanhar os volteios de um balão na gravura “Balão vermelho”.
Mas nem tudo é tão pacífico na obra de Amadasi, tanto assim que ao sair da exposição gravei na memória a imagem de uma família com fome; tem gente com fome, como denuncia a poesia de Solano Trindade – poeta pernambucano do bairro de São José dos arrecifes e que foi adotado pela cidade de Embu das Artes/SP. Tem gente com fome
Amadasi: “Jantar em família”. Imagem extraída do Google

A escultura intitulada “jantar em família” trouxe a minha memória o poema “Bicho”, do pernambucano Manoel Bandeira; nesse poema ele revela o quanto homens e bichos parecem tão semelhantes – em meio ao lixo – lutando pela sobrevivência.
Para encerrar a minha visita à Pinacoteca de São Bernardo do Campo, fui conduzida ao ateliê de litografia colaborativa pelo imaginário vindo do grafismo quase rupestre que eu avistei desde a entrada do corredor, no térreo da Pinacoteca. O responsável por esse imaginário é o mestre alemão de litografia – Roberto Gyarfi, isto é, um dos mais preparados experientes impressores litográficos do Brasil. 
 
Imagem extraída do Google

Enquanto eu apreciava a pequena sala decorada pelo trabalho artístico dos seus alunos, ele falava dos sentidos da “Educação pela pedra” – titulo do seu curso de litografia. Tomei a liberdade de dizer ao mestre Roberto Gyarfi que a ideia de educação pela pedra me leva a João Cabral, outro poeta pernambucano. Ele sorriu e concordou comigo e foi explanando a sua paixão pela arte de “escrever na pedra”, como faziam os antigos.
É isto o que eu tenho a dizer ao me despedir de São Bernardo do Campo. Levo comigo a memória, a imagem/palavra de uma cidade que desliza com arte a história dos trabalhadores sobre o papel e neste percurso escrevo um pedacinho da luta que também é minha.

São Bernardo do Campo, início do verão, 2011
Graça Graúna


Para saber mais:
Período da Exposição “A estrutura e o sonho” e “Rio acima Rio abaixo”: 26/11/2011 31/1/2012
A Pinacoteca fica na Rua Kara, 105, Jardim do Mar. O horário de visita é de terça-feira a sábado, das 9h às 17h. Entrada gratuita. Mais informações pelo telefone: (11) 4125-4056.

14 dezembro 2011

Visões indígenas da Lei 11645/08 - Revista Educação & Linguagem


 Este cartaz não faz parte da Revista Educação e Linguagem, da Umesp;  mas remete à palestra que proferi em 2008,  no MAMAM, em Recife, focalizanndo a Lei 11645/08.

Educação, literatura e direitos humanos: visões indígenas da lei 11.645/08
Graça Graúna

Resumo
O presente artigo refere-se à Lei 11.645/08, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e cultura afro-brasileiras e indígenas". Com o objetivo de enfatizar a visão indígena em torno do assunto, um dos passos da pesquisa remete a um questionário que apresentei a dezenas de parentes indígenas de diferentes etnias. A pesquisa trata do diálogo entre literatura, educação e direitos humanos, a começar pela história e pela cultura na percepção indígena, uma questão – infelizmente – ainda pouco estudada no Brasil.

Texto Completo: PDF

07 dezembro 2011

Livro-vídeo celebra 25 anos de Vídeo nas Aldeias

 Depoimentos, fotos e filmes traçam retrato do projeto que aproximou o vídeo de mais de 100 aldeias indígenas brasileiras. O lançamento, dia 12 de dezembro, em São Paulo, tem exibição do novo filme do Vídeo nas Aldeias e debate com realizadores indígenas - Notícias Socioambientais, 6/12.
Serviço
Vídeo nas Aldeias – 25 anos
256 páginas, 10 filmes, R$ 100,00 (preço promocional no lançamento) e R$ 167,00
Lançamento: 12 de dezembro, às 19h30hs, no Itaú Cultural (Av. Paulista, 149), com exibição de Bicicletas de Nhanderú e conversa com realizadores indígenas.
Informações e imagens
Teté Martinho
11 99010375

03 dezembro 2011

Antologia de mulheres indígenas de America Latina

          Foi lançada uma antologia de mulheres indígenas no Equador, neste evento que estive. 
          A antologia é lindísssima e se chama  "COLLAR DE HISTORIAS Y LUNA", sairam textos meus e de Graça Graúna. Eu havia indicado outras indígenas também, mas só saiu da Graça. É uma antologia de poesias de Mujeres Indígenas de Améerica Latina. Estou muito orgulhosa por isso, também fiz um discurso de 8 páginas e breve enviarei para vocês, acompanhado com uma apresentação em power point com 17 slides.
          Depois vou scanear a capa da coletânea e enviar também.
ELIANE POTIGUARA
REDE GRUMIN DE MULHERES INDÍGENAS

01 dezembro 2011

Carta aberta ao Ministro da Justiça em defesa dos Guarani Kaiowá

Pela apuração rigorosa das violências contra os Guarani Kaiowá de Guaiviry

Imagem: Socioambiental


Fonte: Institito Sociambiental

Assine o abaixo-assinado!

Carta aberta ao Ministro da Justiça

          Queremos apuração rigorosa das violências praticadas contra os Guarani Kaiowá do acampamento Guaiviry, e fim do genocídio no Mato Grosso do Sul
          Na última sexta-feira, dia 18 de novembro, os povos indígenas e todos aqueles que apoiam suas lutas tiveram que amargar mais um assassinato, o do líder guarani kaiowá Nísio Gomes. Ele foi vítima de um ataque de pistoleiros ao acampamento guarani conhecido como Tekohá Guaiviry, no município de Aral Moreira (MS). Foi alvejado e levado pelos agressores, junto com outros dois Kaiowá – que seguem desaparecidos.
          Trata-se de mais um ato do corrente genocídio dos Guarani. Em 14 de novembro, uma carta assinada no 1º Encontro de Acampamentos Indígenas do MS já denunciava que o Tekohá Guaiviry estava cercado por jagunços a serviço de fazendeiros da região. Os Kaiowá explicam sua difícil situação: “Em Mato Grosso do Sul existem cerca de 31 acampamentos de indígenas situados na margens de rodovias e em pequenas áreas retomadas pelo nosso povo. Em todos esses lugares estamos acampados porque tomaram nossas terras e porque a situação de violência e miséria nas poucas reservas já existentes está insuportável”.
          Este caso faz parte de uma série de violências que vêm sendo praticadas contra os Guarani no Mato Grosso do Sul, cujos responsáveis diretos e mandantes seguem impunes. Segundo dados do Relatório de Violência contra os Povos Indígenas em Mato Grosso do Sul, produzido pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entre 2003 e 2010 ocorreram 253 assassinatos de indígenas naquele estado.
          Nós, abaixo assinados, solicitamos que o Ministério da Justiça apure os fatos relatados e puna com rigor os responsáveis por estes crimes, que nos envergonham a todos e ponha fim à esta situação inaceitável.

São Paulo, 21 de novembro de 2011

28 novembro 2011

Aconteceu na Flimt II

 Graça Graúna. Acervo da Biblioteca de São Paulo (BSB) e Instituto Ecofuturo


Sexta, 25 de novembro de 2011, 12h01

Palestras ressaltam questão indígena sob diferentes aspectos
NAINE TERENA - Assessoria/Flimt

          Com um grande público as palestras realizadas durante a Feira do Livro indígena de Mato Grosso tem levantado temas que há muito tempo envolve a sobrevivência dos povos indígenas no país. Questões como o a relação com a FUNAI, empreendimentos em terras indígenas, o ensino da Cultura nas escolas, hidrelétricas, entre outros tem suscitado longos debates durante o evento.
          Foi assim no primeiro dia, onde Daniel Munduruku e Graça Graúna falaram da literatura indígena e Marcos Terena e Estevão Taukane sobre os empreendimentos em terras indígenas. Na manhã desta sexta-feira, 25 de novembro, Ana Maria Ribeiro e Rosi Waikon destacaram a Lei 11.645/08, que obriga as instituições de ensino a trabalharem a arte e cultura indígena nas escolas publicas e privadas do país.
          Para a Professora Ana Maria Ribeiro, a questão a ser tratada não é a Lei em si, mas a aceitação do indígena na sociedade brasileira. Ana Maria é professora Universitária e questiona a reprodução do discurso acerca dos povos indígenas no cotidiano. Já Rosi Waikhon, é indígena do Povo Piratapuia do Amazonas e cursa mestrado na UFAM. Rosi relata um pouco sobre o desconhecimento da realidade indígena dentro da Universidade e daí a importância da Lei na formação dos educadores e estudantes. “Percebo que a Universidade não está preparada para lidar com o estudante indígena. Aspectos do nosso cotidiano, da nossa história, acabam sempre entrando em conflito com este outro mundo”, explica ela.
          No período da tarde Darlene Taukane, do povo Bakairi de Mato Grosso, fala sobre a FUNAI e os povos indígenas. Para Darlene existiu uma generalização dos povos indígenas, o que transformou todos em ‘índios’. Darlene explica que existem diferentes contextos de contato e isso deve ser observado e levado em conta, quando se trata da Tutela. “Eu quero chegar um dia, em que meu povo não precise do Governo para sobreviver”, finaliza ela.
          O dia encerra com o bate-papo realizado pela escritora Maria Inez do Espírito Santo, que veio do Rio de Janeiro para falar da mitologia indígena. Maria Inez fará o bate papo baseado em sua obra Vasos Sagrados, utilizando a mitologia indígena para trabalhar a formação de valores e mostrar a sociedade brasileira, que não precisamos buscar fora do país valores culturais para trabalhar nossa auto estima.

Flimt II - Carta das mulheres indígenas à Presidente Dilma Rousseff

II FLIMP

Feira do Livro Indígena de Mato Grosso tem a presença da maior autoridade Indígena no Brasil - Cacique Raoni

Raoni. Imagem extraída do Google


NAINE TERENA
Assessoria/Flimt


          O Cacique Raoni, 85 anos, do povo Caiapó, falou sobre vários assuntos para um publico que lotou o Salão Nobre do Palácio da Instrução em Cuiabá. Sobre a FLIMT, Raoni comentou que gostou muito de participar de Feira do Livro Indígena. "E bom ver que nosso povo esta se formando em escritores, doutores, advogados, divulgando a nossa cultura. Quero que eles estejam sempre juntos, sempre valorizando nossa tradição."           O Encerramento da segunda edição da Feira do Livro indígena de Mato Grosso deixou para os participantes um pedido de ajuda realizado nada pelo Cacique Raoni, maior autoridade indígena do pais.
          Para os indígenas presentes Raoni fez um apelo: que utilizem sua formação acadêmica e intelectual em prol da causa indígena, na luta contra as desigualdades, contra o desmatamento e principalmente na militância contra a construção da usina Belo Monte. Ao publico não indígena o recado foi direcionado ao futuro do pais e do mundo, ressaltando o impacto de grandes obras em áreas como as florestas e rios.
           Ao final da Palestra, as mulheres indígenas presente escreveram 'A carta das mulheres indígenas' a presidente Dilma Rousseff, na qual citam que as Mulheres Indígenas, (avós, mães, escritoras, artesãs, acadêmicas, trabalhadoras, advogadas, educadoras, guerreiras) participantes da FLIMT - Feira do Livro Indígena de Mato Grosso junto ao NEARIN - Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas, onde sensibilizadas com as palavras do grande Cacique Raoni, fazem um pedido para que a presidente pare com as Obras de Belo Monte. A Carta foi assinada também por mulheres não indígenas e deve ser entregue a Presidente apos recolher mais assinaturas.

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CARTA DAS MULHERES INDÍGENAS À  PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF



          Nós, Mulheres Indígenas, (avós, mães, escritoras, artesãs, acadêmicas, trabalhadoras, advogadas, educadoras, guerreiras) participantes da FLIMT - Feira do Livro  Indígena de Mato Grosso junto ao NEARIN - Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas, sensibilizadas com as palavras do grande Cacique Raoni, proferidas na FLIMT,  reiteramos:  “O Governo já tomou as nossas riquezas e devemos defender o que sobrou para nós”.

          Estamos nos aliando e ampliando as nossas lutas em prol de nossas sobrevivências com a nossa liderança maior, na defesa dos nossos direitos garantidos na Constituição Brasileira. A nossa união se faz necessária porque nós, mulheres indígenas, estamos sentindo as conseqüências da redução dos nossos territórios, nas aldeias já existem a escassez de alimentos o que nos preocupa muito porque os alimentos são essenciais para a vida humana. Nos momentos atuais e em tempos modernos, sentimos que nós, os povos indígenas não somos respeitados em nossos direitos vitais. Vemos a devastação da biodiversidade, das fontes das águas, os cerrados sendo exterminados, dando lugar ao agronegócio. Com isso, as nossas riquezas, fontes de alimentos estão desaparecendo, assim como as florestas estão sendo desmatadas em nome do progresso. Esse é o progresso sustentável? Esse modelo é empobrecedor. É assim que nós vemos. Os nossos direitos estão sendo violados, sobretudo nos últimos oito anos.

          Portanto, Presidente Dilma, nossa intenção é - por meio desta carta - defender as nossas vidas e o nosso bem viver. Pedimos isso à Senhora que também é mãe, avó e filha da Terra; que lutou pela Liberdade e é  um exemplo para não silenciarmos a nossa voz. Por isso, estamos aqui, fazendo um apelo a Vossa Excelência para que nos ouça e atenda a liderança indígena maior do país.


Cuiabá, 26 de novembro de 2011



Assinamos,

22 novembro 2011

Cacique Raoni vai participar da Feira do Livro Indígena em Cuiabá

 Fonte: G1 MT


          Escritores e artistas indígenas e não indígenas vão participar, a partir do dia 23 de novembro, da Feira do Livro Indígena, em Cuiabá, que faz parte do Circuito de Feiras da Biblioteca Nacional. O cacique Raoni será um dos convidados do evento no dia 26, quando deverá participar de uma palestra no Palácio da Instrução, no centro da capital.
          Exposições, palestras e debates fazem parte da programação do evento. No dia 24, a partir das 9h, haverá uma reunião sobre o Plano Estadual do Livro e da Leitura de Mato Grosso (PELL/MT), para debater o fomento à leitura em Mato Grosso.
          No dia 26, às 9h, o cacique Raoni participa da Feira do Livro Indígena para falar sobre os povos do Xingu. No período da tarde, iniciam as atividades como bate-papo e debates. A partir das 17h, o Instituto Inca realizará a Mostra Audiovisual “Olhares sobre os Povos da Mata” e, às 19h30, a atração será a ‘Festa no pátio’, um momento destinado à música e literatura.
          Além disso, o público poderá prestigiar a Livraria da Feira do Livro Indígena, na qual as editoras irão comercializar as obras. O público poderá visitar exposições de artefatos indígenas e fotos, além de conhecer um pouco mais do Palácio da Instrução, que faz parte do patrimônio histórico do estado.

ISA lança nova edição do livro Povos Indígenas no Brasil do período 2006-2010




Referência sobre a questão indígena, a publicação Povos Indígenas no Brasil faz um resumo do dos principais acontecimentos, entre avanços e retrocessos, no período 2006-2010. A obra apresenta um conjunto de informações que incluem artigos, notícias, fotos e mapas. Será lançado nesta segunda-feira, 21 de novembro, em São Paulo, 22 em Brasília, 25 no Rio e 30 em Manaus. Confira!
A série iniciada em 1980 chega ao décimo-primeiro volume trazendo na capa o líder kayapó Raoni Metuktire, contundente em suas críticas contra a usina hidrelétrica de Belo Monte, na Volta Grande do Rio Xingu, no Pará. Desde os anos 1980, Raoni ergue sua voz contra o projeto que tornou-se obra símbolo do Programa de Aceleração do crescimento (PAC) no governo Lula e prossegue no governo Dilma Rousseff. Mesmo modificado em relação ao projeto original, os povos indígenas das áreas afetadas por Belo Monte não foram ouvidos conforme prevê a Convenção 169 da OIT. Embora os Kayapó não sejam diretamente afetados pela barragem, a suspeita é que para garantir sua viabilidade econômica, outras usinas venham em seguida, alcançando então a área Kayapó.
Esta edição de Povos Indígenas no Brasil 2006-2010 resume a situação indígena no período por meio 165 artigos assinados, 810 notícias extraídas e resumidas a partir de 175 fontes, 228 fotos e 33 mapas. Inclui pela primeira vez um caderno especial de 32 páginas com imagens de destaques.
As informações estão organizadas em seis capítulos temáticos e 19 regionais, totalizando 778 páginas que dão uma visão geral sobre 235 povos indígenas que vivem no Brasil e falam cerca de 180 línguas. Destes, 49 habitam também o outro lado da fronteira, em países que fazem limite com o Brasil. Confira aqui o sumário da publicação.

Destaques do período
O polêmico caso da homologação da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol, em Roraima, cujo julgamento final ocorreu em 2009, no STF, reafirmou a demarcação em área contínua e determinou a retirada de ocupantes não índios, mas estabeleceu 19 condicionantes. A esta vitória do movimento indígena-indigenista, somaram-se outras como a criação de Grupos de Trabalho pela Funai para estudar a situação de Terras Indígenas fora da Amazônia; a homologação da TI Trombetas-Mapuera com quase quatro milhões de hectares, localizada ao sul de Roraima e nordeste do Amazonas; a homologação da TI Tupiniquim, no Espírito Santo, que reuniu as TIs Pau Brasil e Caieiras Velhas, com pouco mais de 14 mil hectares e o início da desintrusão da TI Apyterewa, no Pará, homologada em 2007, mas ocupada por 1 200 famílias de invasores. Em contrapartida, aumentaram as ações anti-indígenas no Legislativo e no Judiciário.
A criação da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI), em 2006, contribuiu para o debate de políticas públicas voltadas aos povos indígenas. Até 2010, a CNPI reuniu-se 17 vezes, incluindo a participação do Presidente Lula por duas vezes. A Funai, por sua vez, iniciou em 2008 um processo de reestruturação, abrindo espaço para concurso público – o que não acontecia havia algumas décadas - e para contratação de mais de 400 novos funcionários.
Outra reivindicação do movimento indígena, diante da precarização do sistema de atendimento à saúde indígena, foi a criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), em substituição à Funasa. Finalmente criada em 2010, sua implementação ainda é precária.

Ações descoordenadas
Apesar das conquistas, as ações do governo em relação aos povos indígenas são contraditórias e descoordenadas. O caso dos Enawenê-nawê, que habitam a Bacia do Rio Juruena, no noroeste do Mato Grosso, ilustra bem essa descoordenação. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) iniciou o processo de patrimonialização no Livro das Celebrações de um ritual centrado em uma grande pescaria com barragens artesanais. Ao mesmo tempo cinco pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) foram autorizadas pelo Ministério das Minas e Energia para funcionar a montante da aldeia Enawenê-nawê. Resultado: as obras já causaram distúrbios no fluxo do rio e nos últimos anos os peixes não apareceram obrigando a Funai a comprar toneladas de peixes de criatório para a realização do ritual.
A população indígena também cresceu no período. No Censo de 2010, o IBGE incluiu uma novidade: quando o entrevistado se autoidentificava como índio, no quesito cor da pele, o recenseador perguntava sobre etnia e língua. Por enquanto, dados preliminares dão conta de que existem 817 963 mil índios no país, e destes, 315 mil estão em áreas urbanas. Em dez anos, houve um aumento de quase 84 mil índios no Brasil.

50 anos do Parque Indígena do Xingu
Na contracapa, o destaque fica para os 50 anos do Parque Indígena do Xingu, que celebrou a data com o festival de culturas xinguanas, na aldeia Ipavu do povo Kamaiurá, incluindo debates e reflexões sobre o futuro. Além do Parque, a Cinemateca em São Paulo, exibiu mostra cinematográfica e uma exposição fotográfica sobre os 50 anos, com rodas de conversas reunindo lideranças indígenas, pesquisadores, antropólogos, médicos e profissionais que atuam no Xingu, que debateram sobre como será o Parque em 2061, com destaque para as jovens lideranças. Confira abaixo quando e onde serão os lançamentos.

Serviço
São Paulo
21 de novembro, segunda-feira, 19h/22h
Sala Crisantempo
Rua Fidalga, 521
Vila Madalena

Brasília
22 de novembro, terça-feira, 19h
Restaurante Carpe Diem
SCLS 104

Rio de Janeiro
25 de novembro, sexta-feira, às 19h30
Museu do Índio
Rua das Palmeiras, 55
Botafogo
(Haverá uma roda de conversa com a participação de Bruna Franchetto (linguista do Museu Nacional), Eduardo Viveiros de Castro (antropólogo MN), Jose Ribamar Bessa Freite (jornalista e historiador, coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indigenas da UERJ), José Carlos Levinho (antropólogo e diretor do Museu do Indio) e Beto Ricardo (antropólogo do ISA e um dos editores da publicação).

Manaus
30 de novembro, quarta-feira, às 18h30
GaleriaAmazônica
Rua Costa Azevedo, 272 – térreo
Largo do Teatro
Centro

Fonte: ISA, Instituto Socioambiental.

Frente divulga pesquisa de opinião sobre questões indígenas

 Imagem extraída do Google
 
A Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas divulga hoje o resultado da pesquisa “Índios do Brasil: Demanda dos Povos Indígenas e Percepções da Opinião Pública”, realizada pelas fundações Perceu Abramo e Rosa Luxemburg (Alemanha).
A pesquisa entrevistou 2.600 pessoas em todo o País. De acordo com o levantamento, a maioria dos brasileiros tem uma visão idealizada sobre os povos indígenas. A população não conhece a realidade dos povos indígenas, seus principais problemas e conflitos, os direitos desses povos ou as ameaças às terras que lhes pertencem.
Segundo o resultado, 88% dos entrevistados não souberam responder quantos povos indígenas existem no Brasil (mais de 250 povos). Além disso, 63% respondeu que  a população indígena diminuiu nas últimas décadas, quando na verdade aumentou. Foram convidados para o lançamento:
- a vice-coordenadora da Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas, deputada Dalva Figueiredo (PT-AP); 
- o presidente da Fundação Perseu Abramo, Nilmário Miranda; 
- o coordenador da pesquisa, Gustavo Venturi; 
- o representante do Inesc, Ricardo Verdum; e
- um representante da Funai.

Relançamento
Na solenidade também ocorrerá o relançamento da frente parlamentar, que agora passará a ser coordenada pelo deputado Padre Ton (PT-RO). Na ocasião, uma liderança indígena fará a entrega simbólica da proposta de Estatuto dos Povos Indígenas ao grupo.
De acordo com Ton, aprovar o estatuto, que aguarda votação no Congresso já há mais de 20 anos, será o grande desafio da frente.
Atualmente, tramita na Câmara uma proposta de Estatuto das Sociedades Indígenas (Projeto de Lei 2057/91), mas sua tramitação está paralisada desde 1994, quando foi aprovado por uma comissão especial.


Valverde
Padre Ton promete também continuar o trabalho do ex-deputado Eduardo Valverde, falecido no início deste ano. Do mesmo partido e estado, Valverde presidiu a frente e foi relator da comissão especial que trata da exploração de recursos em terras indígenas.
O lançamento será realizado às 14 horas, no Salão Nobre da Câmara.

Íntegra da proposta: PL-2057/1991

Fonte:
Redação/ JMP

18 novembro 2011

URGENTE: três indígenas mortos a tiros em ocupação de terra em MS



  Imagem extraída do Google

Ao menos três indígenas kaiowá foram mortos por pistoleiros, agora pela manhã, a tiros de grosso calibre, no lugar conhecido pelos indígenas como Ochokue/ Guaiviry, nas proximidades da vila de Tagi, à beira da MS-386, entre Ponta Porã e Amambai. As informações, preliminares, foram passadas agora há pouco pela coordenação do movimento político guarani-kaiowá, Aty Guasu.
No momento, estão sendo acionados o Ministério Público Federal, a Polícia Federal de Ponta Porã e a Funai. Segundo as informações, os corpos foram carregados numa caminhonete, e teme-se que sejam levados ao Paraguai. A fronteira está a meia hora do local.
Os mortos seriam um homem, uma mulher e uma criança de cinco anos.
O movimento Aty Guasu tinha realizado na quarta-feira um ato de solidariedade ao grupo de Guaiviry. Depois da visita ao local, o ônibus dos indígenas foi retido por fazendeiros armados, sendo liberado após várias horas de negociação com os indígenas.
A área de Guaiviry é uma das que foi incluída nos processos de identificação de terras indígenas iniciados em MS pela Funai em 2008, e o relatório está em fase de conclusão. Os indígenas ocuparam a área onde aconteceu o conflito há cerca de 15 dias e já vinham recebendo visitas da Funai e da Polícia Federal. Ainda assim, como vem acontecendo em outras áreas em conflito, isso não tem sido suficiente para coibir as agressões realizadas por homens armados a serviço dos fazendeiros da região.


Mais informações:

Funai de Ponta Porã ou Dourados – 67 - 3424-5236/ 9684-7470/ 9643-8640
Ministério Público Federal de Ponta Porã/Dourados - (67) 3411.1700 / 67-9971-1206
Conselho Indigenista Missionário de Dourados – 67-3424-9410
Conselho Aty Guasu - 67-9991-4682
Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul
(67) 3312-7265 / 9297-1903
(67) 3312-7283 / 9142-3976

17 novembro 2011

São Paulo: bairro do Morumbi tem o maior índice de indígenas


Índios Pankararu.


Segundo dados do Censo 2010 em São Paulo, o Morumbi registra o maior índice de população indígena da cidade: são 403 índios ou descendentes declarados, cerca de  0,9% da população dessa região. Em números absolutos, o lugar com mais índios na cidade é o distrito de Parelheiros, no extremo sul, com 1.002 indígenas (0,8% do total da população), principalmente da etnia Guarani. O Morumbi retrata uma situação peculiar. É nessa região que fica a favela Real Parque, onde os índios Pankararu fincaram residência em meados da década de 1950, vindos do sertão de Pernambuco - OESP, 17/11, Nacional, p.A14.


16 novembro 2011

Kaiabi denunciam quebra de acordo do governo federal



 
Guerreiras kaibi em defesa do território indígena

Para espanto dos Kaiabi, Apiaká, Munduruku e Kayapó, a audiência pública sobre a hidrelétrica no Rio Teles Pires que havia sido adiada, foi novamente marcada para o próximo dia 25 de novembro. De acordo com a carta que as lideranças indígenas divulgaram, não era esse o combinado com o governo federal, que recebeu lideranças indígenas no dia 3 de novembro em audiência em Brasília

Hotel Ariaú Amazon explora índios


Releitura de Graça Graúna na imagem do hotel Ariaú, extraída do Google

Fonte:  wilson yoshio.blogspot ; Blog do Sakamoto;  Luis Nassif Online; Tribunal Superior do Trabalho.


Hotel terá que indenizar indígenas exibidos como atração
O Tribunal Superior do Trabalho rejeitou recurso do River Jungle Hotel (Ariaú Amazon Towers), hotel no Estado do Amazonas voltado ao turismo sustentável, e manteve decisão reconhecendo como seus empregados um grupo de índígenas que, durante cinco anos, fez apresentações aos hóspedes. Também confirmou uma condenação por danos morais devido ao “sofrimento, à subordinação e à dependência” pelo qual passaram e a uma situação que, segundo o processo, “beirava o trabalho escravo”.
Em seu site, o hotel diz que recebeu as gravações do filme “Anaconda” e foi base tanto para realities como “Survivor”, da CBS americana, e “La Selva de los Famosos”, da Antena 3 espanhola, como “para vários eventos empresariais e educativos, com o intuito de desenvolver o conhecimento e educação sobre a Amazônia”. E explica que entre as atrações estão “visita a tribo indígena, andar de carrinhos elétricos sobre as passarelas, sobrevivência na selva, visita às comunidades locais, visita à casa de nativos, entre outros”.
De acordo informações do TST, o grupo de 34 adultos, adolescentes e crianças da etnia tariano foi contatado em dezembro de 1998 por um representante do hotel para fazer apresentações de rituais indígenas para os hóspedes em um local a oito minutos de lancha da sede. A remuneração dos índios, segundo o processo, era alimentação (insuficiente para o grupo) e um “cachê” de R$ 100,00 por apresentação, dividido entre os adultos. Os custos dos materiais envolvidos nas apresentações – que ocorriam três ou quatro vezes por semana – ficava por conta dos indígenas.
Não raro, os turistas tentavam tocar nos seios das mulheres, segundo depoimento do grupo prejudicado. No contato com os hóspedes, eles não podiam falar português e eram proibidos de circular no hotel. Ainda de acordo com os depoimentos, a alimentação era feita com restos da comida do hotel, “muitas vezes podre, o que ocasionava muitas doenças nas crianças”. E quando não havia apresentação, o grupo também não recebia essa comida.
Em 2003, a Funai constatou as dificuldades vividas pelas comunidades locais, como pobreza e falta de escolas para as crianças, gerando repercussão na imprensa de Manaus. A partir daí o hotel, dispensou os índios sem nenhuma forma de compensação trabalhista.
Na ação civil, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Federal pediram o reconhecimento da relação de emprego, o pagamento de todas as verbas trabalhistas devidas e uma indenização por dano moral no valor de R$ 250 mil, pelos constrangimentos e pela utilização indevida da imagem dos indígenas em campanhas publicitárias sem autorização.
A Vara do Trabalho de Manacapuru reconheceu o vínculo empregatício e condenou o hotel, incluindo indenização por danos morais no valor de R$ 150 mil (R$ 50 mil pelo uso da imagem e R$ 100 mil pelo sofrimento, subordinação e dependência). A decisão foi mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho, que considerou a total dependência dos índios em relação ao hotel, de quem recebiam diesel, alimentos e condução conforme a conveniência do hotel, em situação que “beirava o trabalho escravo”.
Agora, a Primeira Turma do TST seguiu o voto do relator, ministro Lélio Bentes Corrêa, negou provimento ao agravo de instrumento, confirmando a condenação.
A defesa do hotel questionou a legitimidade do MPT para representar em juízo o grupo de indígenas, que, segundo o empregador, teriam que ser representados pela União, obedecendo ao Estatuto do Índio e o Estatuto da Funai. O relator, porém, observou que os indígenas eram interessados e não autores da ação, tornando-se irrelevante a discussão sobre quem deveria representá-los em juízo.
O hotel também alegou ausência de subordinação necessária para se estabelecer o vínculo empregatício. Para ele, a relação teria ocorrido “casualmente” a pedido dos próprios índios – que podiam ir e vir livremente e vender seus produtos de artesanato. Questionou, também, a condenação por dano moral por considerar que não havia comprovação de repercussão negativa da publicação das fotografias na mídia.
O relator confirmou o vínculo, já apontado nas instâncias anteriores, e afirmou que “os danos morais decorreram não só do uso indevido da imagem, mas também do sofrimento impingido ao grupo indígena a partir da exploração do trabalho em condições precárias”.
Para ver o processo, clique aqui.
Com informações da Assessoria de Comunicação Social do Tribunal Superior do Trabalho.