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30 dezembro 2011

Do Anjo nosso de cada dia

Foto: Ana Ines

Eu fico com a pureza da resposta das crianças.
É a vida, é a vida ...” (Gonzaguinha)

Na tentativa de escrever alguma coisa acerca dos Anjos, me deixei levar pela fantasia e desse modo não percebi, como deveria, as várias faces da realidade que compõe os seres angelicais. 
Não é só na época do Natal que os anjos aparecem e distendem suas asas e derramam sua luz sobre todos nós. Os seres angelicais podem circular por qualquer lugar e hora, em qualquer dia da semana. Eles são seres livres, embora muitas vezes caiam nas armadilhas que criamos e por abrirem sem restrições as suas asas para nos acolher, acabam aprisionados no nosso egoísmo; na nossa falta de discernimento, na nossa ânsia de consumismo que, mesmo sem perceber, criamos em meio à inveja, à desatenção, ao desrespeito, ao desamor, à banalização. Cheguei até a alimentar a ideia de que os anjos podem ficar num cantinho de sala, como se fora um objeto decorativo. Mas como ele pode cumprir seu papel de Anjo se limitarmos seus movimentos? Na verdade, eles gostam de circular, de marcar sua presença no meio da rua, num viaduto, debaixo duma árvore, em cima de um prédio, numa estrada deserta,  nos arquivos de um computador, num papel de parede, na cozinha, no banheiro, nos jardins, nas escolas, nas casas, nos hospitais, nas prisões, nas igrejas, nas feiras livres, nos transportes coletivos, numa tirolesa, no bagageiro de uma bicicleta. Em qualquer lugar e hora os anjos nos acompanham infinitos em sua luz; Mensageiros; Repletos de energia divina; Justos; Divertidos; Amorosos; Protetores. 
Que esta legião de anjos do bem continuem nos acompanhando todos os dias, todas as noites, a cada minuto, em 2012 e sempre; anjos semelhantes a estes que eu espero estar sempre por perto ao longo da minha vida:

Domingo: que o Anjo da Infinita Luz nos guarde, nos proteja; que seja nosso guerreiro e com a sua espada poderosa e flamejante nos livre de todo mal.
Segunda feira: que o Anjo Mensageiro nos traga sempre boas notícias e que em nossa relações com os outros Ele nos cubra de harmonia, paz e alegria.
Terça feira: que o Anjo da Energia Divina nos dê força e coragem para seguir lutando. Que nos ajude a combater os momentos de fraqueza com firmeza e determinação.
Quarta feira: que o Anjo da Cura ilumine nossa alma e com a sua proteção nos livre de todos os males que impedem a nossa evolução espiritual e material.
Quinta feira: que o Anjo da Justiça Divina nos dê inspiração para usar com discernimento  as palavras escritas ou faladas e todo ensinamento  vindo de Cristo e  dos seres celestiais.
Sexta feira: que o Anjo do Amor traga equilíbrio às nossas emoções; que a harmonia se instale em nossa alma; que o Amor habite para sempre em nossos corações.
          Sábado: que o Anjo da Proteção ajude-nos a cumprir a nossa missão segundo a vontade de Deus e desse modo marcarmos positivamente a nossa passagem na terra.

Brasília/DF, verão de 2011
Graça Graúna

25 dezembro 2011

Já nasceu Deus-Menino!!!

 
Entardecer no Ibirapuera. Imagem extraída do Google.

Às vésperas do Natal estive no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, numa tarde de domingo com muito sol para celebrar também o início do Verão. Poucas vezes vi o céu de São Paulo com um azul tão nítido e com mesclas amarelas cor de girassol, contrastando com o céu geralmente cinzento decorrente da poluição. 


 Ibirapuera. Imagem extraída do Google

 

Com o horário de verão o dia pareceu mais longo e as luzes que decoram a fonte do Parque Ibirapuera foram acesas tarde da noite ao som de belas canções, entre elas uma das mais conhecidas composições de John Lennon e Yoko Ono: “Happy Xmas” (http://letras.terra.com.br/john-lennon/#mais-acessadas/22568/). 

 

 
Ibirapuera. Imagem extraída do Google

Na ocasião, centenas de pessoas se acotovelavam na grama para ver mais um espetáculo: a dança das águas e o arvoredo repleto de luz. Também chamou a atenção dos freqüentadores do parque e de todos que estavam ali pelo espírito natalino a grande árvore decorada com anjos, estrelas, sinos e caixas de presente com grandes laços e outros enfeites.  A cada ano que passa, essa árvore surpreende com o seu tamanho os visitantes de várias partes do mundo.

 

Ibirapuera. Imagem extraída do Google


Dois dias antes da festividade em torno do nascimento do Menino-Deus, eu e parte da minha família vimos e ouvimos no Eixo Monumental de Brasília (DF) o coral da cidade que brindou a todos com uma das Bachianas de Heitor Villa-Lobos. Na tão esperada Noite de Natal, nós nos reunimos e agradecemos ao Altíssimo a oportunidade de estarmos juntos, mais uma vez, ainda que uma parte de cada um de nós esteja cumprindo seu ritmo em outras partes do mundo: Pernambuco, Natal (RN), Paraíba, Rio de Janeiro, São Paulo, Barcelona (Espanha). 

 
Fonte luminosa do Eixo Monumental/DF. Imagem extraída do Google

E a propósito da mescla cultural em que estamos inseridos, aproveito o momento para encerrar esta reflexão com um pensamento indígena. Nesta perspectiva, tomo a liberdade de compartilhar a mensagem natalina que outros indígenas e eu recebemos do parente Ely da etnia Macuxi (Roraima): “O tempo do Natal é um bom momento para renovarmos nossas esperanças e fortalecer nossa fé num mundo mais justo, mais humano e fraterno para todos. Um bom momento para agradecer o apoio e generosidade de sua amizade e companheirismo. Que o bom Deus, neste Natal, conceda muitas bençãos, saúde e paz para você e sua família.

Que Ñanderu nos acolha, onde quer que a gente esteja.

Que 2012 seja de muita alegria, justiça e prosperidade!

 

Brasília/DF, verão de 2011

Graça Graúna

17 dezembro 2011

Morre em Cabo Verde a Diva dos pés descalços


Imagem extraída doGoogle

Morre em Cabo Verde a cantora Cesária Évora

Fonte: EFE 

Paris, 17 dez (EFE).- A cantora de Cabo Verde Cesária Évora, conhecida como a diva dos pés descalços, morreu neste sábado aos 70 anos em um hospital de seu país, informou a emissora francesa "France Info".
Évora, nascida na cidade de Mindelo na ilha de São Vicente em 27 de agosto de 1941, havia se retirado dos palcos em setembro por motivos de saúde e de Paris, onde estava, decidiu voltar ao seu país para passar ali "seus últimos dias", indicou a emissora, citando seu agente e o Ministério de Cultura de Cabo Verde.
No último comunicado de sua gravadora, Lusafrica, no mês de setembro, os médicos que a acompanhavam na capital gala ordenaram o fim de sua próxima turnê, de acordo com seu produtor e manager, José da Silva, o que a levou a decidir pelo fim de sua carreira.
"Seus novos problemas de saúde seguem a várias cirurgias nos últimos anos, entre estas uma cirurgia no coração, em maio de 2010", detalhava a nota, na qual ressaltava que com essa decisão renunciava a uma vida itinerante que a levou a todo o planeta.
Évora publicou em 1988 seu primeiro álbum, "A diva dos pés descalços". Mas ela somente alcançou sucesso em 1992, quando lançou "Miss Perfumado", assombrando o mundo e começou a viajar com sua morna (o blues cabo-verdiano), que segundo sua gravadora sabe transmitir a melancolia de seu país.
A artista recebeu em 2009 a insígnia da Ordem da Legião de Honra da França depois de mais de 45 anos de carreira musical, incluindo seus 14 álbuns.
Ela ganhou o apelido de "diva dos pés descalços", título de seu primeiro disco, por cantar sem sapatos em suas atuações, em homenagem aos mais pobres, e as letras de suas canções frequentemente eram dirigidas a essas pessoas.

16 dezembro 2011

Dos sonhos, rios e pedras na Pinacoteca


Caminhando calmamente por uma rua arborizada da cidade, avistei um prédio branco, baixo e bem amplo. Na entrada, a escadaria e as portas bem largas dão sinais que a informação está correta; não tem errada, do outro lado dá até pra ver a Cidade da Criança.  Seguindo o mapa, entrei na Pinacoteca de São Bernardo do Campo para cumprir mais um ritual que eu faço sempre quando tenho a oportunidade de conhecer uma cidade pela vez primeira: visitar igrejas, museus, livrarias, brechós, cafés, cinemas, feira, praças, algumas aldeias e o que mais a geografia e o senhor tempo permitir. 

Imagem extraída do Google

O cenário externo da Pinacoteca traz um pequeno jardim de esculturas que se transforma em convite para os curiosos e os amantes das artes se aproximarem sem medo e, devgarosamente, se deixarem levar pelo encantamento que a arte pode provocar; ainda que esse encantamento venha mesclado de susto diante de uma série de realidades que os menos avisados não suportam ver.
Tão logo entrei no hall do prédio, um funcionário atencioso me acompanhou pela escadaria interna que leva ao piso superior e de repente fui agraciada pela memória das águas na exposição “Rio acima rio abaixo”, da artista plástica Beta. Entre as pedras brancas dos rios e a cor de barro de outras pedras arrumadas num pote uma escultura simboliza, talvez, a mãe da cachoeira ou a guardiã do caminho das águas, das conchas e escamas do universo aquático de que somos feitos, de onde viemos. Penso que a arte de Beta em “Rio acima rio abaixo” traz um recado que devemos intuir a propósito do grande acontecimento que é/será Rio+20; por isso mesmo nunca é demais abraçar a ideia de que somos uma pequena gota de água que faz parte de um rio que luta para sobreviver.
Pelo direito de sonhar, o artista plástico Ricardo Amadasi - com a exposição “A estrutura e o sonho” - nos aproxima de uma realidade que se entrelaça ao desejo de paz simbolizada também, nos pássaros que distendem suas asas em muitas de suas gravuras, a exemplo da pomba que vela o sono de crianças abandonadas num banco de praça; talvez seja a mesma pomba que ao lado de uma criança provoca a unidade na pintura intitulada “Somos o que somos juntos” e que também parece acompanhar os volteios de um balão na gravura “Balão vermelho”.
Mas nem tudo é tão pacífico na obra de Amadasi, tanto assim que ao sair da exposição gravei na memória a imagem de uma família com fome; tem gente com fome, como denuncia a poesia de Solano Trindade – poeta pernambucano do bairro de São José dos arrecifes e que foi adotado pela cidade de Embu das Artes/SP. Tem gente com fome
Amadasi: “Jantar em família”. Imagem extraída do Google

A escultura intitulada “jantar em família” trouxe a minha memória o poema “Bicho”, do pernambucano Manoel Bandeira; nesse poema ele revela o quanto homens e bichos parecem tão semelhantes – em meio ao lixo – lutando pela sobrevivência.
Para encerrar a minha visita à Pinacoteca de São Bernardo do Campo, fui conduzida ao ateliê de litografia colaborativa pelo imaginário vindo do grafismo quase rupestre que eu avistei desde a entrada do corredor, no térreo da Pinacoteca. O responsável por esse imaginário é o mestre alemão de litografia – Roberto Gyarfi, isto é, um dos mais preparados experientes impressores litográficos do Brasil. 
 
Imagem extraída do Google

Enquanto eu apreciava a pequena sala decorada pelo trabalho artístico dos seus alunos, ele falava dos sentidos da “Educação pela pedra” – titulo do seu curso de litografia. Tomei a liberdade de dizer ao mestre Roberto Gyarfi que a ideia de educação pela pedra me leva a João Cabral, outro poeta pernambucano. Ele sorriu e concordou comigo e foi explanando a sua paixão pela arte de “escrever na pedra”, como faziam os antigos.
É isto o que eu tenho a dizer ao me despedir de São Bernardo do Campo. Levo comigo a memória, a imagem/palavra de uma cidade que desliza com arte a história dos trabalhadores sobre o papel e neste percurso escrevo um pedacinho da luta que também é minha.

São Bernardo do Campo, início do verão, 2011
Graça Graúna


Para saber mais:
Período da Exposição “A estrutura e o sonho” e “Rio acima Rio abaixo”: 26/11/2011 31/1/2012
A Pinacoteca fica na Rua Kara, 105, Jardim do Mar. O horário de visita é de terça-feira a sábado, das 9h às 17h. Entrada gratuita. Mais informações pelo telefone: (11) 4125-4056.

14 dezembro 2011

Visões indígenas da Lei 11645/08 - Revista Educação & Linguagem


 Este cartaz não faz parte da Revista Educação e Linguagem, da Umesp;  mas remete à palestra que proferi em 2008,  no MAMAM, em Recife, focalizanndo a Lei 11645/08.

Educação, literatura e direitos humanos: visões indígenas da lei 11.645/08
Graça Graúna

Resumo
O presente artigo refere-se à Lei 11.645/08, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática "História e cultura afro-brasileiras e indígenas". Com o objetivo de enfatizar a visão indígena em torno do assunto, um dos passos da pesquisa remete a um questionário que apresentei a dezenas de parentes indígenas de diferentes etnias. A pesquisa trata do diálogo entre literatura, educação e direitos humanos, a começar pela história e pela cultura na percepção indígena, uma questão – infelizmente – ainda pouco estudada no Brasil.

Texto Completo: PDF

07 dezembro 2011

Livro-vídeo celebra 25 anos de Vídeo nas Aldeias

 Depoimentos, fotos e filmes traçam retrato do projeto que aproximou o vídeo de mais de 100 aldeias indígenas brasileiras. O lançamento, dia 12 de dezembro, em São Paulo, tem exibição do novo filme do Vídeo nas Aldeias e debate com realizadores indígenas - Notícias Socioambientais, 6/12.
Serviço
Vídeo nas Aldeias – 25 anos
256 páginas, 10 filmes, R$ 100,00 (preço promocional no lançamento) e R$ 167,00
Lançamento: 12 de dezembro, às 19h30hs, no Itaú Cultural (Av. Paulista, 149), com exibição de Bicicletas de Nhanderú e conversa com realizadores indígenas.
Informações e imagens
Teté Martinho
11 99010375

03 dezembro 2011

Antologia de mulheres indígenas de America Latina

          Foi lançada uma antologia de mulheres indígenas no Equador, neste evento que estive. 
          A antologia é lindísssima e se chama  "COLLAR DE HISTORIAS Y LUNA", sairam textos meus e de Graça Graúna. Eu havia indicado outras indígenas também, mas só saiu da Graça. É uma antologia de poesias de Mujeres Indígenas de Améerica Latina. Estou muito orgulhosa por isso, também fiz um discurso de 8 páginas e breve enviarei para vocês, acompanhado com uma apresentação em power point com 17 slides.
          Depois vou scanear a capa da coletânea e enviar também.
ELIANE POTIGUARA
REDE GRUMIN DE MULHERES INDÍGENAS

01 dezembro 2011

Carta aberta ao Ministro da Justiça em defesa dos Guarani Kaiowá

Pela apuração rigorosa das violências contra os Guarani Kaiowá de Guaiviry

Imagem: Socioambiental


Fonte: Institito Sociambiental

Assine o abaixo-assinado!

Carta aberta ao Ministro da Justiça

          Queremos apuração rigorosa das violências praticadas contra os Guarani Kaiowá do acampamento Guaiviry, e fim do genocídio no Mato Grosso do Sul
          Na última sexta-feira, dia 18 de novembro, os povos indígenas e todos aqueles que apoiam suas lutas tiveram que amargar mais um assassinato, o do líder guarani kaiowá Nísio Gomes. Ele foi vítima de um ataque de pistoleiros ao acampamento guarani conhecido como Tekohá Guaiviry, no município de Aral Moreira (MS). Foi alvejado e levado pelos agressores, junto com outros dois Kaiowá – que seguem desaparecidos.
          Trata-se de mais um ato do corrente genocídio dos Guarani. Em 14 de novembro, uma carta assinada no 1º Encontro de Acampamentos Indígenas do MS já denunciava que o Tekohá Guaiviry estava cercado por jagunços a serviço de fazendeiros da região. Os Kaiowá explicam sua difícil situação: “Em Mato Grosso do Sul existem cerca de 31 acampamentos de indígenas situados na margens de rodovias e em pequenas áreas retomadas pelo nosso povo. Em todos esses lugares estamos acampados porque tomaram nossas terras e porque a situação de violência e miséria nas poucas reservas já existentes está insuportável”.
          Este caso faz parte de uma série de violências que vêm sendo praticadas contra os Guarani no Mato Grosso do Sul, cujos responsáveis diretos e mandantes seguem impunes. Segundo dados do Relatório de Violência contra os Povos Indígenas em Mato Grosso do Sul, produzido pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entre 2003 e 2010 ocorreram 253 assassinatos de indígenas naquele estado.
          Nós, abaixo assinados, solicitamos que o Ministério da Justiça apure os fatos relatados e puna com rigor os responsáveis por estes crimes, que nos envergonham a todos e ponha fim à esta situação inaceitável.

São Paulo, 21 de novembro de 2011