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19 novembro 2007

Maniçoba: louvando Jesus Menino


Dezembro está chegando e novembro guarda seus finados e dá passagem à luz que anuncia o espírito natalino.
Lá em Maniçoba, no Agreste pernanmbucano, as pessoas desde sempre mostram o zelo que têm pela cultura do lugar; a "Casa das 12 janelas" e o carro de boi na frente dessa casa e um velho pote de água no canto da cozinha são uma prova disso.
As casas são agarradinas nas outras; nos quintais encontramos aquela areia fininha...fininha e meio escura, que as galinhas gostam de ciscar e pôr seus ovos de capoeira.
Poucos lugares no Brasil possem a riqueza que encontramos em Maniçoba: o reizado, o pastoril, as cantorias, a cavalgada da amizade e os leilões de bode pra animar as quermesses da pequena Igreja dão conta de que os capoeirenses (de Capoeiras-PE), os maniçobenses são atuantes e festejam também com muita alegria o Dia de São José, e acreditem! O bom Padre de lá, ainda usa aquele tipo de batina que a gente só vê impregnada nas imagens do "Padim Ciço". Eita, Maniçoba! Eita Lugar arretado!
Guardo boa lembrança do convite de Agostinho Jessé, um dos agitadores culturais do lugar. O desafio foi fazer um estandarte para o Pastoril, em homenagem ao Jesus Menino. Dito e feito: numa tarde de sábado e varando o domingo em Recife, minha mãe Noemia, minha irmã Brasília Morena e eu tecemos o estandarte azul e encanardo para mostrar também o nosso amor às raizes nordestinas.
Assim, acanhadamente, deixo minha saudação à Karina Calado que é também uma agitadora cultural. Nesse ritmo, vai um pouquinho dos meus versos:


Karina poetamiga
quisera ter a grandeza
tecida nos versos seus.
Assim mesmo, ofereço
ao povo de Maniçoba
com afeto os versos meus.

Não esquecerei o dia
em que um amigo me deu
a grande oportunidade
de conhecer Maniçoba
e fazer um estandarte
pra louvar o Menino Deus

(Graça Graúna, Nordeste do Brasil, 19.nov.2007)

Crédito: a foto é de Agostinho Jessé e segurando o estandarte; da esquerda para direita, Karina e sua irmã Carol. Para saber mais, visite o blog de Maniçoba.

13 novembro 2007

Escrevivência



ESCREVIVÊNCIA

Ao escrever,
dou conta da ancestralidade;
do caminho de volta,
do meu lugar no mundo.


(Graça Graúna, In: Cadernos Negros, Ed. Quilomboje)

01 novembro 2007

Margens

 Imagem: Zipnet
I

A poesia tem gosto de sal
e me faz chorar
pelas ruas de Recife
de Espinhara e Ascenso
de Alberto Cunha Melo
de Mauro Mota e Bandeira

II
...está inscrita a inquietude.
E tão logo amanhece
me embriago da poesia que exala das pontes
do cheiro de terra que fura o asfalto
das ruas do Recife
onde passam maracutus
e cresce a saudade do poeta França.

Rapsódia

ao poeta Walter Ramos


o tempo
a lembrança
a dimensão da poesia
e uma súbita emoção
no olhar em volta da nação

Toques*

*ao poeta Halves

o
encanto
de saber e amar
está na liberdade de cada avuante
poder expressar o avesso do canto