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20 outubro 2010

Poetas de todo o mundo, uní-vos!


Algumas palavras: poucos se dão conta do dia de hoje. Para os desavisados,  20 de outubro pode até ser uma data como outra qualquer; mas para nós que temos por missão a palavra (especificamente a palavra no seu estado poético), o dia de hoje é especial porque uma alma sensível proclamou o 20 de outubro para não esquecermos a força da poesia. Há tantos nomes de poetas que eu gostaria de citar aqui... há uma infinidade. E toda vez que me vem o desejo de recitar um poema, penso logo no grande poema intitulado Motivo, de Cecília Meireles. Eis o motivo que me leva a destacar alguns de seus versos. Outro poema que me encanta é Retrato e mais um tanto de versos vindos da alma de Cecília, a exemplo de Timidez. Quem não gostaria de ter escrito esses versos? Então, para o dia de hoje, para tdos(as) nós que desejamos  megulhar  no mar da escrita, espero que o espírito poético sempre nos acolha. Viva Cecília! Viva a poesia, sempre! Saudações literárias, Graça Graúna.

***
MOTIVO
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.


Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.


(Cecília Meireles)

***RETRATO


Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.


Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.


Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?

(Cecília Meireles)


***
 TIMIDEZ

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.


Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.


Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.


E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
e um dia me acabarei.


(Cecília Meireles)

Nota: imagem disponível no Google.

7 comentários:

José Carlos Brandão disse...

Parabéns, Graça.
E obrigado.
A poesia é necessária, mesmo quando não é.
Beijos.

Betha Mendes disse...

Oi, Grauna, com toda graça,

amei!!!

um beijão , poetisa!

Betha

IVANCEZAR disse...

Sem palavras !
Só aplausos
Bjs

Sônia Brandão disse...

Parabéns poeta amiga.
E viva a poesia!

bjs

Márcia Sanchez Luz disse...

Grauninha querida, acabo de vir de Blocos Online. Estava me deliciando com seus poemas na Saciedade dos Poetas Vivos 11.
"Manifesto" tem a sua força e sua delicadeza, poetamiga e irmã. Parabéns!!

Beijos carinhosos

Márcia

Liesel disse...

Uma postagem maravilhosa e uma grandiosíssima poetisa. Realmente, "Motivo" é um dos mais belos poemas da nossa literatura.

Um abraço,
Cicília

Art'palavra disse...

Obrigada pela leitura, Cecília: sua presença no meu blog é um bom sinal que vem do alto. Espero que a poesia da grande Cecilia Meireles seja sempre sinbônimo de luz em sua vida. Paz e bem, Graça Graúna