Direito Autoral

Desrespeitar os direitos autorais é crime previsto na Lei 9610/98.

30 março 2009

Via-Crucis

Imagem Google.

Estações paralelas:
inflação, tiros e quedas
favela-fato-novela
flagelo, fome, espera
capítulos em preto e branco
reviravoltas no estômago
lenta agonia, queimor

ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM

Do povo crucificado
tem piedade, senhor.
A caminho do calvário
a minha gente faminta
só abocanha fartura
apetitosa em out-door

Graça Graúna. Canto mestizo. Maricá/RJ: Blocos Editora, 1999, p. 41 [prefácio de Leila Miccolis]
Nota: a foto (publicada no Jornal O Povo online, em março de 2008) mostra a encenação da via-sacra feita por mais de quatrocentos meninos, cada um representando uma criança que vive nas ruas de Fortaleza.
Poema publicado no Overmundo com 121 votos.

6 comentários:

Maciel disse...

Temos a obrigação de romper barreiras, quebrar paradígmas, minha amada poetamiga.Nunca permitir que a vida, impiedosamente, consiga retirar do nosso coração o desejo de sonhar, sonhar a possibilidade de amar, de sentir misericórdia e ir sempre em busca de atender às necessidades integrais do homem.
Trago você comigo no coração.

Art'palavra disse...

Meu querido Gê (José Maciel); grata, mais uma vez, por sua preciosa atenção. Que Nosso Pai (Ñanderu), derrame luz em nossos caminhos.Bjos, Grauninha

Sônia Brandão disse...

Triste realidade. Mas ainda tenho esperança de que um dia se abrirão os olhos e o coração dos homens.
Beijos.

Hideraldo Montenegro disse...

A caminho do calvário
a minha gente faminta
só abocanha fartura
apetitosa em out-door

como ficarmos indiferentes à força de um poema como este?
A criatividade, a rapidez como as imagens são colocadas. Muito bom.

No via-crucis me chamou a atenção a forma como poema foi elaborado, estruturado (flashes) Lindo demais.

Sinceramente, sem exagero, os achei geniais, tanto na forma quanto no conteúdo. Algo para se guardar. O tipo de poema que desejamos compartilhar com todos, espalhar por aí.

Uma produção de uma grande poeta!

No poema, como leitor, levo em conta como ele foi estruturado. Importa demais como foi dito, não apenas o que foi dito. Quando conteúdo e forma alcançam uma síntese perfeita, penso que estamos diante de uma obra-prima, de algo antológico.

beijos.

Hideraldo Montenegro disse...

A caminho do calvário
a minha gente faminta
só abocanha fartura
apetitosa em out-door

Uma oração belissima, que só poderia sair do coração de alguém que sente a dor alheia.

Art'palavra disse...

Hideraldo, grande é a sua generosidade. Você, meu poetamigo, arrecadou um pedaço do seu tempo para visitar meu humilde blog. Bjos de luz, Grauninha