Direito Autoral

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17 dezembro 2008

Para enfeitar o Natal

Imagem Google. Desenho de José Pádua


I
Poemas de Natal
deviam se de alegria,
mas por força do ofício
ponteio em litania

II
Pegue o viaduto
vá na contramão
em cada esquina um presépio
em construção

III
Nasceu um menino
sem “Alegria dos homens”
sem espera, sem abrigo
sem lampejos e encantos

IV
Nasceu um menino!
sequer tive tempo
de escovar os cabelos
de chegar ao cinema
de checar os e-mails
de acompanhar os eventos
de acender as velas
e agradecer os presentes
dos amigos secretos

V
Yes
natal
que é natal
tem que ter estrela
bem no topo da árvore
de preferência banhada de
purpurina. Enfeites, efeitos,
grifes, beijinhos, velas, guardanapos,
vídeos, cds, framboesas, cartões de crédito,
postais e poemas que não falem do absurdo presépio
sob o viaduto
em construção

VI
Yes, Sir.
Meu poema de Natal
foi levado pelo vento
para fazer companhia
às almas no esquecimento

VII
Pra longe foi meu poema
lavrado pelo sereno
da noite para espantar
as barricadas da fome
nos quatro cantos do vento


Graça Graúna, Nordeste do Brasil.

Graça Graúna. Tessituras da terra. Belo Horizonte: M.E. Edições Alternativas, 2001, p.50-53
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Um comentário:

Art'palavra disse...

graça grauna · Jaboatão dos Guararapes (PE) ·
Para enfeitar o Natal

Uma Linda Poesia de Natal e da realidade da Vida.
Realmente a gente consegue alguma felicidade mas,
há tantas dificuldades e fome.
Será que a gente náo vai nunca disso tudo se libertar?
Sim Natal é esperanca, Jesus nasceu.
A Vida é um teatro que rápido vai passar.
O Joven náo sabe mas os mais velhos sabem que o tempo voa.
Um teatro rápido pra com amor interpretar.
Fazer tudo pra sair bonito na fita.
Honrar o presépio que faz parte.
Ganhar a glória da beleza na participacáo.
O dever cumprido e uma luz pora sorrir.

Parabéns pela sua mensagem que nos comove e nos anima a crer que a vida vale a pena porque, sempre podemos fazer alguma coisa e, vai passar em frente e vai valer a pena.
Afinal Jesus pediu ao Pai pra nos Perdoar.
Acho que o Natal lembra que por mais humilde que seja o nosso papel, faz parte do grande presépio Universal e que logo vai passar para o grande agraco final de luz e glória.
Diante da pobreza da realidade e da magnitude do sonho e do amor , temos de acreditar no amor.
Natal é esse amor e Luz que voce nos desperta nos animando a fazer a vida valer a pena.
Feliz Natal Jesus nasceu com Luz
azuirfilho · Campinas (SP) · 17/12/2008 08:58
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Uau! Grauna, Grauninha, Grauníssima, meu Deus, que linda poesia! Que lindo poema!!! Que força, que denúncia, que sutileza, que construção de amor, de fraternidade, de busca, de colocar as coisas nos devidos lugares!...

O meu respeito, o meu carinho e a minha reverência por este manifesto d eNatala, mais uma obra prima de lavra, de tua safra, de tua generosidade e compromisso com a mudança!

Beijos!!!!
Ademario Ribeiro · Simões Filho (BA) · 17/12/2008 09:31
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grauninha...
seu poema de natal é pra lá de especial
alegra meu dia...me faz mais feliz...

beijos
Samuel Luciano Assunção · Angra dos Reis (RJ) · 17/12/2008 09:48

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Um Natal pra vc sem tantas frescuras
so com mais texturas e belezuras !
ótimo !
bj
joe_brazuca · São Paulo (SP) · 17/12/2008 09:49
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Que o vento sopre !
Manso , delicado , generoso !
Que chegue lá ...
Onde só ele
O vento, pode chegar !
Ivan Cezar · São Sepé (RS) · 17/12/2008 10:10
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Grauninha,
valioso presente
REFLEXÂO!
Deveríamos tê-la aos pés
de todas as árvores de Natal.
Beijos e muita PAZ.
cibele salma · Brasília (DF) · 17/12/2008 10:43

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Um programa obrigatório esse seu poema, de coisas que deveriam ser e não são, mas um dia haverão de ser !
se Deus quiser !
Um feliz Natal e um próspero 2009 pra você e os seus !
um beijo !
alcanu · São Paulo (SP) · 17/12/2008 11:00

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Como é boa a realidade,
Mesmo uma má realidade.
Não gosto das coisas que me alienam.
Não quero mais fuga, cachaça e religião.

Abraços, Graça e Parabéns!!!
Lindo poema!!!
Osvaldo · Olinda (PE) · 17/12/2008 11:08
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Minha amiga. Que maravilha. Momento sublime de integração com a "Fonte Divina da Criação". O pulmão até inspira o Ar com mais intensidade.
Luz e Paz. Sempre. jbconrado.
ayruman · Chapada dos Guimarães (MT) · 17/12/2008 14:03
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Grauninha, reparei que na parte 5 deste maravilhoso poema voce fez uma figura de meia árvore de Natal, sim, ali para mim voce pontua os dois Natais, um falso dos abandonos do viadutos e outro verdadeiro que precisamos resgatar dentro de nós. EU VOU SEMPRE LHE ESCUTAR ,RAIO DE LUZ! QUE NHANDERÚ ETÊ CONTINUE LUSTRANDO SEU CORAÇÃO E PENA!!
com amor,
nina araújo · Rio de Janeiro (RJ) · 17/12/2008 14:19

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Minha amiga, QUE POEMA LINDO, vc alegra o nosso coração quando nos deixa ler tão lindo poema de NATAL.
Beijos querida, volto depois
Fatima Merigue de Mendonça · Itu (SP) · 17/12/2008 15:31
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Grauna, que belo vôo

Que os ventos soprem e criem redemoinhos que derrubem as muralhas e os outdoors, deixando os esquecidos à mostra.

Abraços
Almirante Águia · Itaberaba (BA) · 17/12/2008 16:01
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É, o verdadeiro Natal devria ser diferente desse natal dos drinks, gifts e que tais. Bjs.
Juscelino Mendes · Campinas (SP) · 17/12/2008 18:15
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Querida Grauninha poeta que abrange o todo, o amor ilumina seus versos no equilíbrio e na cor,beijos!

Pra longe foi meu poema
lavrado pelo sereno
da noite para espantar
as barricadas da fome
nos quatro cantos do vento


Claudia Almeida · Niterói (RJ) · 17/12/2008 20:17
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Há quem diga que "as pessoas", essa entidade onipresente sem face, vontades ou gostos, só lembram dos deserdados em épocas natalinas. Não é verdade. Vejo o ano inteiro "outras pessoas", que não as primeiras, trabalhando, investindo tempo, esforços e recursos, na luta pla melhoria da vida de alguns. Os que criticam são aqueles que só abrem seus próprios olhos nessa época. Continuemos nossos poemas contra a fome, a preguiça física e mental, as muitas desigualdades, as torturas, a insegurança e tudo o mais de desagradável todos os dias do ano, inclusive no Natal.
Marcos Pontes · Eunápolis (BA) · 17/12/2008 21:49
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Graúna,

Seus versos, felizmente, contrariam o "espírito natalino" do senso comum, onde esta data é só fachada para o consumismo desenfreado e o egocentrismo sem tamanho. Enquanto há uma verdadeira orgia alimentar, muitos e muitos passam fome e se nutrem da miséria das ruas. O materialismo passa a ser o único motivo da festa. Esquece-se do outro, daqueles que estão ao relento, sem panetones ou roupas de marca. Esquece-se das crianças subnutridas, de comida e carinho, de amor e atenção. Esquece-se que sempre deveria ser Natal, mas o verdadeiro, de solidariedade e compaixão, não esta data vendida pelos comerciais de televisão...

Deixo-lhe um poema, que não tem nada de Natal (me nego a escrever poemas de Natal, frente à esta realidade lamentável)...

Bjs

ANJO TORTO

"Hoje um anjo veio me visitar
Débil, feio e torto
Quase morto

Hoje um anjo veio me visitar
Sem asas, sem auréola
Sem trombetas a lhe anunciar

Hoje um anjo veio me visitar
Pobre anjo, caindo aos pedaços
Veio me dizer palavras incertas
Verdades repletas de fraqueza humana

Não havia nada de divino
Naquele pobre menino
Anjo pivete, deixado por Deus
Muito antes de nascer..."

(Gustavo Adonias)
Gustavo Adonias · Salvador (BA) · 17/12/2008 23:12
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NATAL?

”O menino nasceu morto”
(Natal 1964, Murilo Mendes)

Deus nasceu na estrebaria.
A estrela brilha no alto céu
e ilumina o universo.
Os pastores seguem a estrela,
os reis magos seguem a estrela.
Deus nasceu e essa verdade
é tudo e nada.
Sobre o feno,
Deus respira
com um burro, uma vaca,
alguns animais.
O mito
que é nada e tudo
se veste de palha.
Uma estrela se apaga,
outra nasce.
A vida prossegue.
Os homens não seguem
a estrela.
A palha queima
e nenhuma estrela desce
para a minha companhia.
Deus não cresce
na estrebaria.
Os homens não são mais sábios,
nem mais naturais.
Com os animais,
os homens,
a vida prossegue.
Somos feitos de adeuses,
uma pouca cinza fria.
Deus perece
na estrebaria.

Feliz Natal de Nosso Senhor,
Menina cheia de Graça.
Estende as asas de Graúna
sobre nós para espantar o mal.

José Carlos Mendes Brandão

José Carlos Brandão · Bauru (SP) · 17/12/2008 23:22
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"Pegue o viaduto
vá na contramão
em cada esquina um presépio
em construção"


- que dizer: natais perdidos durante o ano inteiro, nem no final do é achado - um dedo atolado fundo, na ferida -
- sem mais comentários -


Bravo Poetisa Graça Graúna!
beijo e afeto
Silveira

José Silveira · Niterói (RJ) · 18/12/2008 00:03

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Nasceu um menino
sem “Alegria dos homens”
sem espera, sem abrigo
sem lampejos e encantos

Se o Menino que nasceu para a nossa redenção quase não é lembrado, imagine os outros, pobres mortais.
Que neste Natal o menino Deus derrame sobre você muitas bençãos, paz e alegria.
Sônia.
Sônia Brandão · Bauru (SP) · 18/12/2008 00:59
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GRAUNINHA,
ARREBATADOR...
"Meu poema de natal
foi levado pelo vento
para fazer companhia,
às almas no esquecimento"
Bravíssima ave- mais-bela!
BJS
NATAL DE LUZ,
AMOR & PAZ!
JACINTA MORAIS · Cascavel (PR) · 18/12/2008 03:43
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Vem sempre com o vento a novidade e o amor, Graça.
Saudações sulinas!
Adroaldo Bauer · Porto Alegre (RS) · 18/12/2008 16:21
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Melhor seria grafar vêm, sem vão.
Adroaldo Bauer · Porto Alegre (RS) · 18/12/2008 16:21
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Lindo e verdadeiro seu poema de natal.
Obrigada minha irmã Graça.Que Deus te abençoe
clara arruda · Rio de Janeiro (RJ) · 18/12/2008 20:58
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Querida Grauninha
Que prece, que oração esse seu poema. Verdades são ditas de uma forma singela, sem mágoa nem rancor. Isso é o espírito de Natal. Apesar de botar o dedo na ferida, mas com carinho. Como disse Fidel para Che: usted debe ser duro pero sin perder la ternura.
Beijos e um natal sem amargura e um ano novo próspero em bens materiais e espirituais.
Beijos
Saavedra Valentim · Vitória (ES) · 18/12/2008 23:03
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Em tempo:
A imagem nos toca fundo na alma.
Beijos
Saavedra Valentim · Vitória (ES) · 18/12/2008 23:04
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Graúna querida,
É tanta miséria que mesmo com ausência dela,
A miséria continua.
Seja nas ruas, pontes, estacionamentos.
Seja nas maternidades sem médicos, remédios nem camas.
Gostaria de dizer: CHEGA de tanta hipocrisia.
Beijos solidários,
Regina
Regina Lyra · João Pessoa (PB) · 19/12/2008 00:11

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Graça, às vezes penso que viver é perder as ilusões... O Natal não faz milagres, nem Papai Noel existe. Mas nós, sim. Seus versos são solidários à dor de tantos nessa época, mas não são solitários.
Lindo poema, tocante...
Beijo e Parabéns.
Lola... · Curitiba (PR) · 19/12/2008 00:38

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Merecida releitura
Todo dia tem Natal
Anjos em cada esquina
Estendem as mãos
e dão as dicas
sem abrirmos o coração
não chegaremos a redenção.

Abraços e Muita Paz
Almirante Águia · Itaberaba (BA) · 19/12/2008 09:12
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Essa poeta ama os seus poemas,beijos!
Claudia Almeida · Niterói (RJ) · 19/12/2008 09:16
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Graúna,

Vo(l)tando !

Bjs...
Gustavo Adonias · Salvador (BA) · 19/12/2008 11:10
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Revisitando com um Feliz Natal. Bjs.
Juscelino Mendes · Campinas (SP) · 19/12/2008 13:08
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joe_brazuca · São Paulo (SP) · 19/12/2008 13:08

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Grauninha,
votado!
cibele salma · Brasília (DF) · 19/12/2008 17:01